Uma iniciativa de cidadãos de mais de 50 países foi lançada, na segunda-feira, com o objetivo de “renovar” o espírito das classificações de Património Mundial da UNESCO e “contrariar a tendência destrutiva” de ameaças a esses bens.
A rede internacional, com o nome de “Our World Heritage” (“O Nosso Património”, na tradução do inglês), é lançada “por cidadãos preocupados de todo o mundo, trazendo uma riqueza de culturas, idades, géneros, experiências e conhecimento para fazer frente aos desafios que o património enfrenta”.
“Criada para garantir a conservação e proteção do Património Mundial através ao reforço do papel da sociedade civil, a iniciativa dá as boas-vindas a todos os que acreditam que no nosso mundo em rápida mudança há uma necessidade urgente de preservar todo o património, aos níveis internacional, nacional e local”, pode ler-se no comunicado divulgado pela organização.
A organização lamenta que, “em termos simples, empresas e governos muitas vezes ignorem a necessidade de salvaguardar o Património Mundial para o futuro, procurando dar prioridade ao lucro imediato sobre valores de longo-prazo e à necessidade de preservar o passado comum”.
“Os casos de fracasso na proteção dos grandes locais patrimoniais são comuns, indo desde Veneza, onde o problema dos navios na lagoa está ainda por resolver, a Viena, onde a construção de arranha-céus está a estragar a paisagem urbana, passando pelo Parque Nacional de Selous, na Tanzânia, ameaçado pela construção de uma barragem, ou Machu Pichu, onde um novo aeroporto vai destruir o terreno sagrado”, constata a nova rede.
Assim, “O Nosso Património” lançou um calendário de debates para 2021 com o objetivo de debater “questões críticas” sobre a proteção e conservação do património mundial, cultural e natural “em risco”, face à crise pandémica e económica.
Esta rede foi criada para assinalar o 48.º aniversário da Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural, um compromisso internacional criado durante a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) realizada em Paris, em 1972.
“Com o mundo em crise, ameaças de pandemias a depressão económica, a exploração de recursos e políticas, conflitos e mudanças no clima, a proteção deste tratado [da UNESCO] deve estar no centro das preocupações das nações a proteção da herança patrimonial, cultural e natural de toda a Humanidade”, salienta um texto da rede.
Para sensibilizar o mundo sobre a necessidade urgente de promover a proteção e a conservação desta herança patrimonial cultural e natural, o movimento lançou um calendário de discussões que vão decorrer em 2021, através de encontros ´online´, e apresentação de relatórios visando criar uma plataforma de políticas que será apresentada em 2022, quando a convenção da UNESCO celebrar 50 anos.
Em abril e maio de 2022 decorrerá o Forum World Heritage para examinar o resultado das discussões temáticas e promover a criação de uma rede global que estimule o papel da sociedade civil na proteção do património, e promova a transparência nas decisões sobre esta área, segundo o texto do sítio ´online´ sobre as iniciativas previstas.
As temáticas que vão estar em foco nos debates são: Informação, Tecnologia, Diversidade e género, Turismo, Direitos humanos, Desastres e pandemias, Novas abordagens ao património mundial, Sustentabilidade, Mudanças climáticas e biodiversidade, Lugares patrimoniais e memórias, Conflito e Abertura à sociedade civil.
A rede reúne especialistas de várias áreas, desde arqueólogos, arquitetos, biólogos, designers, ambientalistas, urbanistas, geógrafos, entre outros, desde investigadores e professores, até responsáveis de organismos públicos e de organizações não governamentais, e encontra-se aberta à participação de todos os interessados em proteger recursos comuns a todo o mundo.