Depois de Os Demónios de Álvaro Cobra, a obra com que nos prendou em 2013, é chegada a hora de descobrir Mal Nascer o novíssimo livro de Carlos Campaniço.
Novamente nos escaparates, desta feita com chancela da Casa das Letras, o escritor alentejano que se fez algarvio pelo decurso da vida em terras do Reino dos Algarves, propõe-nos um médico como personagem fundamental.
Fugido aos miguelistas, Bento retorna à terra natal para ali exercer a profissão e acaba por constatar que há muito que a terra que o viu nascer o tem por um homem que não aquele que era quando dali partiu.
A infelicidade vivida ali caiu no esquecimento de todos menos do próprio médico, nascido Bento e feito Santiago Barcelos, e o regresso prepara-se para ser em tudo diferente do que o próprio imaginara.
Os planos que desenhara para a sua reentré, não passam disso mesmo, planos, perante uma realidade pejada de gente que lhe quer bem e o quer por perto.
Capaz de prender o leitor até ao fim, a obra mostra como ser médico, naquele espaço e tempo literário, é “ser antes de deus”, numa veneração que ultrapassa mesmo a dedicada ao mais rico homem daquelas bandas e alvo da vontade de vingança de Santiago Barcelos, Albano Chagas.
Tudo isto e muito mais numa obra que une romances cruzados a vinganças que se fazem reais por si próprias sem esforço de quem as deseja, num percurso assente na revelação da real identidade do personagem principal.
O autor
Carlos Campaniço nasceu em 1973, em Safara, no concelho de Moura, é fez-se algarvio de pleno direito com perto de duas décadas vividas em Faro.
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Universidade do Algarve, onde adquiriu também o grau de mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo.
É actualmente director de Programação do Auditório Municipal de Olhão
Com esta nova obra o escritor cumpre cinco obras editadas e, uma vez mais, se afirma como um autor de peso.
Mal Nascer foi finalista do Prémio Leya e é, independentemente disso, imperdível.