O Pólo Museológico Cândido Guerreiro e Condes de Alte, em Alte, vai ser palco, no próximo sábado, pelas 16.30 horas, do lançamento da obra “Fotobiografia de Cândido Guerreiro”, da autoria da investigadora de História local, Luísa Martins.
A apresentação do livro ficará a cargo de Luís Guerreiro, presidente da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, entidade responsável pela edição da obra, com o apoio da Câmara de Loulé.
Francisco Xavier Cândido Guerreiro nasceu em Alte, em 1871. Em 1889 inicia estudos no Seminário Diocesano de Faro. Em 1892 desiste da vida eclesiástica e, em 1891, após o falecimento do seu pai, começou a trabalhar para ajudar no sustento da mãe e da tia que ficaram a seu cargo. A partir dessa altura abraçou várias profissões.
Com uma relação muito íntima com as palavras que iluminam o espelho de um contexto do maravilhoso, do imaginário e o do culto, os seus versos encerram o retrato de Francisco Xavier Cândido Guerreiro. Em 1895 edita o livro de poemas “Rosas Desfolhadas”, que dedica ao poeta João de Deus. Por esta altura apaixona-se pela poetisa Maria Veleda (Maria Carolina Frederico Crispim) de quem teve um filho que perfilhou, Cândido Guerreiro da Franca.
Entretanto, incentivado pelo seu amigo e poeta João Lúcio, decide terminar o liceu e, em 1903, ingressa na Universidade de Coimbra, no Curso de Direito, já com 32 anos de idade.
Cândido Guerreiro foi republicano moderado
Em 1900 faz publicar o poema Ave Maria. É também no 1º ano de Direito que edita o poema Ballada, que escreveu por encomenda de alguns colegas. O Soneto ficou registado no penedo da saudade, em Coimbra.
Durante o período estudantil o poeta teve contacto com Aristides de Sousa Mendes, o célebre Diplomata que salvou judeus do holocausto da II Grande Guerra; António Sardinha, um dos fundadores do movimento do Integralismo Lusitano; Alberto Veiga Simões, diplomata republicano; Sousa Costa, escritor que lhe apresentou a irmã, Margarida, por quem o poeta se apaixonou.
Cândido Guerreiro foi republicano moderado. Os tempos que antecederam Coimbra, de feição conservadora, aliados ao convívio político e literário de filósofo nacionalista e republicano moldaram uma personalidade sem extremos.
Em 1904 edita, em Coimbra o livro “Sonetos”, que dedica a Margarida de Sousa Costa a quem dedica também “Eros”, editado em 1907. Casaram em 1909 e foram viver para Loulé, onde nasceram dois filhos: Agar Guerreiro da Franca e Othman Guerreiro da Franca.
Em Loulé trabalha como notário mas cedo ingressa na vida política. Em 1912 já está na linha da frente na governação do Concelho de Loulé. Nesta altura abdica da escrita poética. A electrificação da vila, em 1916, foi uma das suas obras de destaque em prol do desenvolvimento do Concelho.
Alguns poemas fazem transparecer um espírito dedicado e pragmático, uma forma de sentir com realismo. Outros revelam elaboração e complexidade de espírito. A partir da década 20 (séc. XX) fixa-se em Faro. Aí pode dedicar mais tempo ao que mais amou: a poesia.
A 10 de Abril de 1953 faleceu em Lisboa e foi sepultado em Faro. A 4 de Dezembro de 2000 foi realizada a translação para o cemitério de Alte.