Para melhorar a visibilidade em estradas não iluminadas, a Malásia implementou um programa-piloto que consistia na aplicação de tinta fluorescente nas marcações rodoviárias. No entanto, o elevado custo deste material acabou por inviabilizar a continuidade do projeto.
Um projeto inovador com desafios financeiros
A utilização de tinta fotoluminescente já foi testada em vários países, incluindo a Austrália e algumas nações europeias. A ideia subjacente é reforçar a segurança nas estradas, especialmente em áreas sem iluminação pública, proporcionando melhor visibilidade noturna aos condutores.
Em novembro de 2023, o governo malaio anunciou o arranque deste programa-piloto, com a aplicação de tinta fluorescente em 245 metros de estrada, abrangendo 490 metros de marcações rodoviárias. A iniciativa gerou interesse público e levou outros estados a iniciarem os seus próprios ensaios.
A tinta utilizada tem a capacidade de brilhar durante cerca de 10 horas, melhorando a visibilidade em situações de pouca luz. Em caso de chuva intensa, mantém o brilho, ajudando os condutores a permanecerem na sua faixa de rodagem. Comparada com as tradicionais linhas brancas ou os indicadores refletores, a solução revelou um desempenho superior em termos de visibilidade.
O problema do custo
Desde o início, o Ministério das Obras Públicas da Malásia alertou para o elevado custo da tinta fotoluminescente e a necessidade de avaliar cuidadosamente a sua viabilidade financeira. Segundo dados do governo, a tinta convencional custa aproximadamente 40 ringgit por metro quadrado (cerca de 8,65 euros), enquanto a tinta fluorescente tem um custo de 749 ringgit por metro quadrado (mais de 160 euros). A diferença de preço tornava a implementação em larga escala praticamente insustentável.
Apesar do entusiasmo gerado pela medida, o vice-ministro do Trabalho da Malásia, Ahmad Maslan, declarou recentemente que era improvável que a pintura fosse ampliada. “O custo é demasiado elevado, por isso provavelmente não vamos continuar com as faixas que brilham no escuro”, afirmou, citado pelo Pplware.
Questões de gestão e transparência
Antes da decisão de suspensão do projeto, haviam sido identificadas 31 estradas que poderiam beneficiar da tecnologia. No entanto, segundo Ahmad Maslan, os testes realizados não corresponderam às expectativas dos peritos do ministério, embora não tenham sido divulgados detalhes sobre os critérios de avaliação.
A iniciativa também gerou questionamentos sobre a gestão dos recursos públicos e levantou suspeitas nos meios de comunicação locais. Alguns setores da sociedade questionaram se as autoridades já não tinham conhecimento prévio dos elevados custos e se houve um aproveitamento indevido dos contratos iniciais. A falta de transparência quanto às reais razões do abandono do projeto contribuiu para especulações e críticas.
A decisão de não avançar com a aplicação da tinta fotoluminescente reabre o debate sobre prioridades orçamentais e segurança rodoviária. As zonas consideradas para a implementação são áreas arborizadas e desprovidas de iluminação, onde o risco de acidentes é elevado, tanto devido à interação entre veículos e peões como à presença de animais selvagens.
Embora o conceito de tinta fluorescente em estradas continue a ser explorado em outros países, na Malásia, a experiência acabou por ser um exercício dispendioso sem continuidade prevista.
Leia também: Estes são os países mais seguros em caso de 3.ª guerra mundial (Portugal não é um deles)