A Comissão Europeia anunciou uma revisão das regras para as emissões de dióxido de carbono (CO₂) na indústria automóvel, concedendo maior flexibilidade aos fabricantes sem alterar as metas estabelecidas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que os objetivos de redução de emissões se mantêm, mas que será ajustada a forma como são calculados.
Nova metodologia para as emissões de CO₂
Atualmente, a meta de emissões para a indústria automóvel na União Europeia está fixada em 93,6 g/km (WLTP) de CO₂.
Inicialmente, esta média deveria ser atingida no final de 2025, mas a proposta agora apresentada introduz um novo método de cálculo.
Em vez de uma avaliação anual fixa, as emissões passarão a ser analisadas com base numa média acumulada ao longo de três anos.
De acordo com a Comissão Europeia, esta alteração tem como objetivo oferecer “mais espaço para a indústria respirar e mais clareza, sem alterar as metas acordadas“.
A medida permitirá que os fabricantes evitem, para já, o pagamento de multas por incumprimento das regras de emissões.
Desafios na eletrificação e impacto no setor
A decisão surge num contexto de desaceleração nas vendas de veículos elétricos na União Europeia. Em 2024, registou-se uma queda de 5,9% nas vendas de elétricos, dificultando o cumprimento das metas ambientais.
Segundo a Associação Europeia de Fabricantes Automóveis (ACEA), a expectativa era de que várias marcas enfrentassem dificuldades para atingir os limites estabelecidos, resultando num acumulado potencial de 16 mil milhões de euros em multas.
Apesar deste cenário, o início de 2025 trouxe sinais de recuperação, com as vendas de veículos elétricos a crescerem 37,3% em janeiro, face ao mesmo período de 2024.
No entanto, para que as metas sejam cumpridas, a quota de mercado dos elétricos terá de ultrapassar 20%, um valor ainda distante da média atual, que foi de 15% no primeiro mês do ano.
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Alianças e impacto na concorrência
Face às dificuldades para atingir os valores exigidos, vários fabricantes europeus têm optado por estratégias de agrupamento para o cálculo das emissões.
Esta prática permite que as marcas compensem as suas emissões combinando-as com as de fabricantes que vendem mais elétricos.
No entanto, isso tem levado a pagamentos avultados a concorrentes como a Tesla e marcas chinesas, que beneficiam desta necessidade das empresas europeias.
Plano de Ação da Comissão Europeia
A proposta da Comissão Europeia será apresentada no Plano de Ação para a Indústria Automóvel, que será divulgado a 5 de março.
Além das novas regras de emissões, deverão ser anunciadas medidas para incentivar a compra de veículos elétricos nos Estados-membros e para apoiar a produção de baterias no continente.
Von der Leyen expressou confiança na rápida aprovação das novas regras para a indústria automóvel pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu, permitindo que os fabricantes europeus se adaptem de forma mais gradual às exigências ambientais.
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