As obras no Cine-Teatro António Pinheiro, em Tavira, recomeçaram há cerca de duas semanas. A obra esteve parada durante aproximadamente quatro meses devido a condicionantes arqueológicas.

O edifício do cine-teatro foi fruto de um projeto da década de 60 que consistiu na demolição do então Teatro Popular, um espaço dos anos 20, de linguagem clássica, no exterior, e inspiração arte nova, no interior.
O cine-teatro vai custar 5 milhões de euros
A construção do novo cine-teatro vai custa 5 milhões de euros e é financiada pelo CRESC Algarve 2020.
O presidente da Câmara Municipal de Tavira, Jorge Botelho, disse ao POSTAL que “as obras já estão a decorrer, sendo que o projeto de reabilitação do teatro teve de ir à Direção Regional de Cultura previamente antes de lançar concurso”.
“A Direção Regional de Cultura aprovou o projeto mas existia uma condicionante, pois tinham de ser feitos trabalhos arqueológicos no local porque havia uma nota de que as margens do rio estariam naquela zona no século XV e XVI e que poderiam, por exemplo, ser encontradas embarcações e cais a oito metros à cota de soleira”.
O presidente refere que “efetivamente não foi descoberto nada e, como tal, os trabalhos podiam prosseguir. Neste momento já não existem obstáculos”.
O autarca adiantou ainda ao POSTAL que “uma obra desta envergadura tem sempre algumas condicionantes, no entanto, o prazo de término da infraestrutura rondará o terceiro ou quarto trimestre de 2021”.
O arquiteto Rúben Martins, coordenador do projeto, disse ao POSTAL que a estrutura vai contemplar “uma sala multiusos. É um cine-teatro e, como tal, vai estar preparado para cinema e para espetáculos de palco, tais como, teatro, concertos musicais ou dança”.
A autarquia pretende dotar o Cine-Teatro António Pinheiro “com condições de segurança e salubridade, assim como adaptar o espaço às necessidades que decorrem das diversas atividades culturais (dança, teatro, cinema e música), tornando-o num equipamento polivalente”.
Este espaço terá igualmente uma valência associada à realização de congressos, colóquios e assembleias porque no fundo da sala, junto à cabine de projeção, duas cabines equipadas com dispositivos de tradução simultânea”.
O arquiteto refere que “para além da caixa de palco, prevê-se, igualmente, a criação de quatro camarins, com capacidade para 19 pessoas, uma sala para funcionários e outra de reuniões”.
O espaço da plateia contempla “uma bancada retrátil que possibilitará o seu uso por pessoas sentadas ou de pé ou, até mesmo, para a realização de um evento com uma ligação mais estreita e direta com o público”, avança a autarquia.
De acordo com Rúben Martins, coordenador do projeto, “foi preciso redesenhar todo o corpo cénico, o qual prevê a subida e descida de cenários, bem como a correta instalação de todos os equipamentos de som e luz essenciais a um espetáculo atual”.
O cine-teatro vai acolher um máximo de 590 espetadores
Estima-se que o cine-teatro poderá acolher um máximo de 590 espetadores, conforme o tipo de espetáculo.
“A ação prevista funciona como uma mais-valia para a dinamização da atividade cultural, proporcionando a criação de uma sala de espetáculos à escala da cidade, preparada não só para produções de alguma envergadura técnica e artística como também para a utilização por parte de associações, coletividades e população em geral”.
Rúben Martins relembrou ainda que “durante a década de 2000/2010 houve bastantes financiamentos para a recuperação das estruturas culturais como esta, sendo que a infraestrutura de Tavira ficou mais atrasada. O cine-teatro entrou naquilo que se pode chamar um financiamento para reabilitação urbana. O desafio foi exatamente tentar remodelar o edifício existente, de modo a dotá-lo das valências técnicas que possam dar resposta aos desafios culturais que se colocam atualmente”.
Por sua vez, Jorge Botelho, falou com especial apreço sobre a remodelação do edifício. Ao POSTAL afirmou que o cine-teatro vai permitir “um grande desenvolvimento da cidade, pois vai ser um grande suporte para a cultura ao longo de todo o ano”, mencionando que “a cidade de Tavira precisa de um espaço cultural coberto para permitir todos os tipos de espetáculos que se fazem em Portugal”.
“Acho que vai ser um orgulho para os tavirenses ter este espaço que finalmente, depois de muitos anos prometido, será uma realidade”, conclui o edil.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)