O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que, desde o início do conflito na Ucrânia, “19 mercenários portugueses” foram eliminados pelas tropas de Vladimir Putin.
De acordo com dados de Moscovo, desde o início da invasão, terão chegado à Ucrânia 103 soldados portugueses, 16 já regressaram ao país. Estarão em ação 68 militares de Portugal.
O Expresso já enviou perguntas ao Ministério da Defesa e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros portugueses para tentar confirmar a veracidade da informação mas até ao momento não obteve resposta. Ao “Público”, uma fonte do gabinete da ministra Helena Carreiras garante que o Governo vai emitir um comunicado sobre o assunto.
Entre os países europeus, a Polónia “é o líder indiscutível em termos do número de mercenários tanto à chegada como à morte”, refere o Ministério da Defesa russo.
Desde o início da guerra, “chegaram à Ucrânia 1831 polacos, das quais 378 já foram mortos e 272 regressaram a casa”. Segue-se a Roménia “com 504 chegadas, 102 mortes e 98 partidas”. O Reino Unido está em terceiro lugar: “422 chegadas, 101 mortes, 95 partidas”.
No continente norte-americano, o Canadá lidera: 601 chegadas, 162 mortes, 169 partidas. Os EUA vêm em segundo lugar: 530 chegadas, 214 mortes, 227 partidas.
Do Médio Oriente e Ásia o maior número, “355 mercenários”, veio da Geórgia, dos quais 120 morreram e 90 deixaram a Ucrânia. Depois, há 200 combatentes das áreas controladas pelos EUA na Síria. Até à data, 80 foram “eliminados” e 66 deixaram a Ucrânia.
No total, as listas de Moscovo incluem “mercenários e especialistas em operação de armas de 64 países”.
Moscovo faz as contas e garante que desde o início daquilo a que apelida de “operação militar especial”, 6956 estrangeiros chegaram à Ucrânia, 1956 foram mortos e 1779 já regressaram.
NÚMEROS DE MORTES SÃO PARA “PROPAGANDA INTERNA”
Pavlo Sadokha, líder da principal associação de ucranianos em Portugal, diz não ter estes dados sobre mortes de portugueses em combate. Mas acredita que os números agora apresentados pelo Ministério da Defesa russo não passam de propaganda e contra-informação dirigido à opinião pública interna.
“Estão a dizer ao povo russo que os estrangeiros estão a lutar contra a Rússia e que eles são as vítimas desses ataques. E não que são os russos que estão a atacar a Ucrânia.”
No entanto, sobre os cerca de cem portugueses que Moscovo garante terem-se juntado às tropas de Volodomir Zelensky, já tem uma outra opinião. “Será à volta desse número o de portugueses, ou de ucranianos com dupla nacionalidade, que nos contactaram para nos pedir informações sobre como aderir às nossas tropas”, acrescenta Pavlo Sadokha.
A associação diz ter reencaminhado todos estes casos para a Embaixada da Ucrânia em Lisboa.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL