Portugal volta a figurar no top cinco da lista dos passaportes mais “fortes” do mundo. Segundo a nova atualização do “The Henley Passport Index” divulgada esta terça-feira, existem apenas 13 passaportes que dão acesso a mais países sem necessidade de pedir visto antecipadamente.
O passaporte português surge novamente empatado com o irlandês, ambos permitindo aos seus detentores viajar para 184 países. Mantém assim a mesma posição da última atualização que tinha sido publicada no início do último trimestre de 2021.
A conclusão é do relatório da empresa Henley & Partners, uma consultora especializada em cidadania global e aconselhamento de residência, que desde 2006 compila trimestralmente a informação sobre os passaportes que mais facilitam as viagens. São analisados 199 países.
“Apartheid das viagens” está a intensificar-se
Na mais recente versão, os passaportes mais fortes são o do Japão e Singapura, com os seus detentores a terem acesso a 192 países.
O top 10 dos passaportes que conferem maior mobilidade é de resto dominado pelos países da União Europeia, sofrendo apenas ligeiras alterações face à última edição. França, Países Baixos e Suécia subiram uma posição para quarto lugar.
O Reino Unido e Estados Unidos, que em 2014 partilhavam o primeiro lugar neste ranking, também recuperaram algum terreno, estando atualmente em sexto. Coreia do Sul (2.º), Nova Zelândia, Noruega e Suíça (6.º), Austrália e Canadá (7.º) são as outras nações no top 10 que não pertencem à UE.
Em contraste o passaporte mais “fraco” é o do Afeganistão, permitindo aos seus cidadãos acesso a apenas 26 países (menos 166 países do que os primeiros classificados). Entre os últimos lugares estão também o Iraque (28) e Síria (29).
Embora a mobilidade tenha vindo a aumentar desde que o índice foi criado em 2006, os dados da nova atualização confirmam a existência de uma desigualdade crescente na liberdade de circulação. “Este aparente progresso está a mascarar uma divisão crescente na mobilidade – e no acesso resultante a oportunidades – entre cidadãos de países mais ricos do norte e os de países com menores rendimentos do sul”, afirma o relatório.
A situação, afirmam os responsáveis pelo ranking, tem sido agravada pelas restrições impostas devido à pandemia que criaram a maior clivagem na mobilidade global registada pelo índice nos seus 16 anos de história. No entanto, a edição mais recente não considera as restrições temporárias de combate à covid-19.
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Há cerca de um mês, António Guterres descreveu a situação como um “apartheid das viagens”. O secretário-geral da ONU referia-se à “injustiça e imoralidade” com que a comunidade internacional agiu ao fechar as fronteiras aos países africanos num esforço frustrado de conter a variante Ómicron.
“Os passaportes e os vistos estão entre os instrumentos com maior impacto na desigualdade social a nível mundial, uma vez que estes determinam as oportunidades para a mobilidade global”, corroborou o criador do conceito deste índice e presidente da Henley & Partners, citado pela CNN International. Christian H. Kaelin defende ainda a importância da abertura de canais de mobilidade para a recuperação da pandemia.
“As fronteiras no interior das quais nascemos e os documentos a que temos direito não são menos arbitrários do que a cor da nossa pele. Os estados mais ricos precisam de encorajar a imigração positiva num esforço para ajudar a redistribuir e equilibrar os recursos humanos e materiais globalmente.”
Top 10 dos passaportes mais fortes do mundo
1. Japão, Singapura (192 territórios)
2. Alemanha, Coreia do Sul (190)
3. Finlândia, Itália, Luxemburgo, Espanha (189)
4. Áustria, Dinamarca, França, Países Baixos, Suécia (188)
5. Irlanda, Portugal (187)
6. Bélgica, EUA, Nova Zelândia, Noruega, Suíça, Reino Unido (186)
7. Austrália, Canadá, Grécia, Malta, República Checa (185)
8. Hungria, Polónia (183)
9. Eslováquia, Lituânia (182)
10. Eslovénia, Estonia, Letónia (181)
Top 10 dos passaportes mais fracos do mundo
104. Coreia do Norte (39)
105. Nepal e Palestina (37)
106. Somália (34)
107. Iémen (33)
108. Paquistão (31)
109. Síria (29)
110. Iraque (28)
111. Afeganistão (26)
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL