Os líderes e eurodeputados da União Europeia lamentaram a morte do líder do Parlamento Europeu, David Sassoli, esta madrugada, aos 65 anos, após mais de duas semanas hospitalizado em Itália.
“Entristece-me profundamente a morte de um grande europeu e italiano”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sua conta no Twitter.
“David Sassoli era um jornalista apaixonado, um extraordinário presidente do Parlamento Europeu e, sobretudo, um querido amigo. Os meus pensamentos estão com a sua família. Descansa em paz, caro David”, acrescentou.
Pouco depois, o presidente do Conselho Europeu também recorreu ao Twitter para expressar a sua tristeza e comoção.
“Sinto-me triste e comovido após o anúncio da morte do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli”, escreveu Charles MIchel na sua conta na rede social.
“Sentimos a falta do seu calor humano, da sua generosidade, da sua simpatia e do seu sorriso. Sinceras condolências à sua família e amigos”, acrescentou.
O presidente do Parlamento Europeu morreu hoje aos 65 anos de idade, após mais de duas semanas num hospital em Itália, devido a uma disfunção do seu sistema imunitário.
David Sassoli contraiu uma pneumonia em setembro de 2021, que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo, França, e, embora tenha recebido alta hospitalar uma semana depois, prosseguiu a recuperação em Itália e esteve mais de dois meses ausente das sessões plenárias do Parlamento, regressando no final do ano.
A notícia da sua morte foi inicialmente avançada pelo seu porta-voz também no Twitter. Segundo Roberto Cuillo, o presidente do Parlamento Europeu morreu durante a madrugada (1h15) desta terça-feira em Aviano, no norte de Itália, onde estava hospitalizado.
Delegação portuguesa lamenta perda de “líder que deixa obra feita e saudades a todos os que com ele privaram”
Em Portugal, o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou “com profundo pesar” a morte do presidente do Parlamento Europeu, que descreveu como “um grande europeísta”, de “caráter humanista”.
Através de uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa “lamenta, com profundo pesar, o falecimento prematuro do presidente do Parlamento Europeu David Sassoli, endereçando à família e ao Parlamento Europeu as sentidas condolências”.
“David Sassoli era um grande europeísta e deu um importante contributo como presidente do Parlamento Europeu para a defesa dos valores da União Europeia, nomeadamente da democracia e da solidariedade, revelando sempre o seu caráter humanista ao longo do mandato que exerceu com elevação. Foi um jornalista de grande prestígio em Itália, reconhecido pela sua competência e afabilidade”, lê-se na mesma nota.
O Presidente da República Portuguesa “recorda já com saudade os diversos encontros que tiveram, ainda recentemente em dezembro passado em Estrasburgo, as excelentes relações institucionais e o trato sempre afável de David Sassoli”.
Já António Costa recorreu ao Twitter para reagir à notícia. O primeiro-ministro lamentou a morte de “um amigo” com quem teve “o privilégio de trabalhar muito proximamente nos últimos dois anos”.
Também a delegação portuguesa na UE já reagiu. O líder da bancada socialista do Parlamento Europeu, Carlos Zorrinho, lamentou hoje a “triste notícia” do falecimento do presidente da assembleia europeia, David Sassoli, lembrando-o como um “líder que deixa obra feita e saudades”.
“Uma notícia triste que lamentamos, de um homem que liderou o Parlamento Europeu num momento difícil e em que foi capaz de mobilizar uma resposta solidária e comprometida à pandemia, no plano sanitário, económico e social”, assinala Carlos Zorrinho, numa nota enviada à agência Lusa.
Para o líder da bancada do PS na assembleia europeia, David Sassoli “é um líder que deixa obra feita e saudades a todos os que com ele privaram”.
“A delegação portuguesa envia as mais sentidas condolências à família, aos amigos e à delegação italiana do Partido Democrático, que integrava”, adianta Carlos Zorrinho.
O Twitter foi também a plataforma usada por outros políticos para lamentar a notícia.
O vice-presidente do Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos), Paulo Rangel, disse que a Europa perdeu um europeísta e que David Maria Sassoli era “o presidente europeísta e humanista, era um colega atento, humano”. “O homem da comunicação e da cultura, sempre pronto a fazer pontes. A Europa perdeu um europeísta, nós perdemos um amigo”, escreveu Paulo Rangel.
“David Sassoli lutou, mas não resistiu à doença. Hoje, o Parlamento Europeu perdeu o seu Presidente, a Europa perdeu um dos seus bons. Os meus sentimentos e a minha solidariedade”, escreveu o eurodeputado socialista Pedro Marques.
A eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques elogia Sassoli como “um dos rostos da resposta das instituições europeias” à pandemia. E testemunha, em declarações ao Expresso: “Em poucos dias, um Parlamento (pesado) adaptou-se à nova realidade com reuniões e votações online e outras medidas que garantiam que continuássemos a trabalhar”. Nas palavras desta socialista, o falecido “foi também um dos grandes defensores da solidariedade europeia e uma voz ativa para que os instrumentos de resposta a esta crise chegassem mais depressa a quem mais precisa”, pelo que “a recuperação económica e social que ansiamos terá a sua marca”.
A também eurodeputada socialista Margarida Marques elogiou David Sassoli pelo seu envolvimento e trabalho nas negociações do orçamento europeu 2021/2027.
“Não é habitual um compromisso desta natureza pelo Presidente do PE. Mas Sassoli era um presidente que se empenhava de facto na valorização do papel do PE nos palcos onde a defesa dos interesses dos cidadãos e da UE estavam particularmente em jogo”, escreve numa sequência de tweets.
Manuel Pizarro, outro socialista português com assento em Estrasburgo, recorda Sassoli ao Expresso, destacando as “qualidades políticas, potenciadas por uma longa e prestigiada carreira como jornalista de televisão”, que o ajudaram a “conduzir os trabalhos no respeito pelos valores democráticos, com tolerância, mas sem permitir qualquer deriva extremista ou populista”. Conclui: “O seu desaparecimento prematuro é motivo de profunda tristeza para quem acredita no desenvolvimento do projeto europeu, com maior solidariedade e compromisso, como Sassoli sempre advogou”.
Já Marisa Matias, única parlamentar europeia do Bloco de Esquerda, exprime ao Expresso “o maior respeito e admiração por David Sassoli, um homem profundamente empenhado na defesa do Parlamento e um defensor da democracia de toda a vida”. Descreve o italiano como “colega gentil, simpático e dialogante” e afirma que “trabalhou arduamente para que o Parlamento mantivesse o seu papel e para que o seu funcionamento fosse democrático em tempos de pandemia”. A bloquista coordenou, a pedido do presidente desaparecido, um grupo de reflexão para melhorar as condições do teletralho e do multilinguismo em tempos de pandemia.
A “voz forte pela democracia”, um “europeu ardente” e “líder atencioso”
O chefe do Grupo de Trabalho pós-Brexit, Michel Barnier, também reagiu, destacando a “autoridade e tolerância” com que David Sassoli presidiu ao Parlamento Europeu.
“Era um democrata esclarecido e nunca esquecerei a sua fé amigável nas negociações do #Brexit. Esta manhã, compartilho a dor de sua família e de todos os seus amigos”, escreveu o político francês.
Já o secretário-geral da NATO, o norueguês Jens Stoltenberg, destacou a “voz forte pela democracia e cooperação NATO-UE”.
O ex-primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte também lamentou a perda.
“David Sassoli era um jornalista, um político de grande profundidade humana antes da profissional. A sua morte é uma grande perda para toda a comunidade italiana e para todos aqueles que, assim como ele, acreditam e investem no projeto de uma grande casa europeia. Sentiremos sua falta”, escreveu.
O embaixador da representação permanente da Alemanha na UE destacou, por seu lado, David Sassoli como um “europeu ardente, grande democrata e líder atencioso”, assim como um “campeão da democracia parlamentar europeia”.
Na próxima semana, na primeira sessão plenária do ano, o Parlamento Europeu deverá eleger um presidente da assembleia, algo que já estava previsto a meio da atual legislatura, e não relacionado com o estado de saúde de Sassoli. A maltesa Roberta Metsola, do Partido Popular Europeu (PEE), é a favorita para suceder ao dirigente socialista italiano, que assumiu o cargo no verão de 2019.
Texto: Lusa e Expresso