As residências seniores em Portugal deverão “crescer bastante enquanto alvo de investimento nos próximos anos”, tendo sido investidos 185 milhões de euros desde 2018, segundo um estudo esta quinta-feira divulgado pela consultora imobiliária JLL.
Segundo a JLL, o investimento das residências seniores irá beneficiar “do desequilíbrio entre uma procura em forte expansão e uma escassez estrutural de oferta”, assinalando a consultora que no primeiro semestre deste ano, entre produto já concluído e novos projetos, “foram alocados 65,5 milhões de euros a este segmento”.
Dos 185 milhões de euros investidos desde 2018, 63% foram destinados à aquisição de imóveis já em operação e 37% em projetos de desenvolvimento, sendo o distrito de Lisboa o principal recetor destes investimentos (67%), seguindo-se Faro (24%) e Porto (9%).
O responsável da JLL Gonçalo Santos assinalou que as residências seniores são “um tipo de ativo que permite atualmente diversificar bastante o investimento” e sublinhou que, em termos futuros, “este investimento à cabeça vai ter também um impacto muito positivo no mercado, pois a linha de investimento institucional vai crescer bastante à medida que o ‘stock’ de novo produto vá sendo concluído”.
De acordo com a JLL, o intervalo estimado do investimento comercial por cama em projetos concluídos ronda os 100.000 e os 110.000 euros, caracterizando as taxas de rentabilidade “geradas neste tipo de ativos bastante atrativas” por “estarem associadas a contratos de arrendamento a longo prazo” e por se situarem “em patamares mais elevados do que os observados noutras classes de ativos tradicionais”.
A JLL estima ainda que sejam necessárias mais 17.000 camas até 2025 para atingir a cobertura de 5% definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a consultora imobiliária, a insuficiência da oferta “tenderá a agravar-se bastante ao longo da próxima década”, uma vez que a faixa etária acima dos 65 anos “deverá aumentar a um ritmo superior à das faixas mais novas”.
“Até 2035 os indivíduos inseridos nesta faixa etária aumentarão 21%, passando a agregar cerca de 28,5% da população portuguesa contra os atuais 22,5%. Este envelhecimento acontecerá num quadro em que a esperança média de vida também aumenta para esta população, que conta, em média, com mais 20 anos de vida e em que existirá uma maior apetência e/ou necessidade para o recurso a serviços de apoio”, assinala a JLL.
A consultora sublinha ainda que a atual oferta é “dominada por equipamentos de pequena dimensão (71% tem menos de 50 camas) e muito granular”, uma vez que o distrito de Lisboa recebe 18% das camas e o Porto 9%.
“Estes dois territórios acolhem as maiores fatias do ‘stock’ atual, mas continuam a ter a maior escassez de respostas face à população sénior, com rácios de 3,2% e 2,4%, respetivamente”, afirmou.
Joana Fonseca, também responsável na JLL, referiu que este estudo foi desenvolvido “para constituir uma ferramenta de relevo para quem pretende abordar este segmento e as oportunidades para o seu desenvolvimento”, acrescentando que “vai contribuir para uma melhor qualidade de vida da população na fase final da sua vida”.
O estudo “Portuguese Senior Living Market” foi apresentado na quarta-feira, durante a conferência IX Semana da Reabilitação, no Porto, coorganizada pela JLL e que se dedica ao tema das residências sénior.
Um estudo da consultora CBRE divulgado na terça feira anunciou que Portugal vai necessitar de mais 55 mil camas em residências seniores até 2050, perante o aumento dos atuais 2,3 milhões para 3,3 milhões de idosos.