Cristóvão Norte partilhou, esta terça-feira, um vídeo no Facebook, onde aborda vários problemas relativos à área da saúde no Algarve. O deputado do PSD refere que a partir de hoje o Hospital de Faro fica sem cirurgia, entre as 21 horas e as 9h da manhã.
“O que se está a passar na saúde no Algarve é uma coisa completamente insuportável. Esta noite, pela primeira vez, e durante o mês de março não vamos ter cirurgiões no Hospital de Faro nas urgências durante a noite”, começou por referir.
Cristóvão Norte recorda que “durante meses a fio, o conselho de administração foi advertido para a circunstância de que os médicos entendiam que era absolutamente inaceitável o facto de existirem médicos tarefeiros, aqueles que são pagos à hora, para determinadas circunstâncias e em face de questões pontuais, serem cada vez mais a regra e não a exceção, e receberem por hora mais do que o triplo daqueles que têm um vínculo ao Hospital de Faro”.
“É uma coisa inacreditável. Um médico “tarefeiro” à hora custa 50 euros, faz a operação, não acompanha o doente, não cria uma lógica de grupo e, por via disso, mina o relacionamento que existe e faz quebrar a oferta assistencial”, acrescenta.
“Os outros médicos criam vínculo ao serviço nacional de saúde, estão lá de manhã à noite, têm um compromisso inabalável com a instituição e ainda assim são muito pior remunerados, mal tratados e desconsiderados”, salienta.
Cristóvão Norte denuncia que “esta é a primeira noite, no mês de março, que não vamos ter médicos a operar no Hospital de Faro porque os cirurgiões não farão trabalho suplementar, portanto, entre as 21 horas e as 9h da manhã o Hospital de Faro não vai ter médicos a assegurar essa prestação de serviço”.
“A interrogação é: para onde é que eles vão? Vão para Lisboa? Pessoas que precisem de operações de urgência vão para onde? Isto é completamente inacreditável”, questiona.
A secretária de estado “veio ontem ao Algarve dizer que estava tudo bem, que o coronavírus não era um problema e que nós temos capacidade de resposta, ao mesmo tempo que temos esta situação dramática”, reforça.
“No Algarve, o atendimento é muito moroso, sempre foi assim , mas o que tem vindo a piorar, ano após ano, e que é mais grave para a saúde das pessoas é o facto de elas ficarem internadas nas urgências”, defende.
“Estamos a falar, muitas vezes, de pessoas com doenças altamente infeciosas e que colocam em causa as outras pessoas que estão nas urgências. É extraordinário dizer-se que estamos a preparados para o coronavírus quando não se consegue colocar as pessoas nos serviços competentes e garantir quartos, de modo a que não se perpetue a questão da disseminação das doenças”, realça.
“Os hospitais do Algarve estão todos com grande dificuldade de resposta e isso é algo que é absolutamente inacreditável. O Algarve tem de ser prioridade a nível nacional”, salienta.
Cristóvão Norte confidencia ainda que “existe uma carta de dez jovens cirurgiões, onde referem estar indisponíveis para continuar a trabalhar nos Hospitais do Algarve sabendo que outros que vão lá trabalhar à hora estão a receber mais do triplo do que eles”.
“Faz sentido existirem médicos “tarefeiros” para situações de exceção. O que não faz sentido é a exceção transformar-se na regra e, no caso do Algarve, tem havido um aumento de consumo de médicos tarefeiros, que tem um impacto financeiro extraordinário e isso tem crescido de forma exponencial ao longo dos últimos anos”, conclui.