Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos, esteve à conversa com o POSTAL sobre as medidas que estão a ser adotadas no concelho devido à pandemia de Covid-19.
“Acho que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Batemos nas portas todas. Temos desde encerramentos de trânsito, diminuição de horários de estabelecimentos, fim de utilização de esplanadas até ao encerramento de espaços públicos (bibliotecas, parques infantis, escolas), começou por dizer, em entrevista ao nosso jornal.
O presidente revelou que a Câmara Municipal de Lagos já está “sem atendimento presencial”, no entanto “o trabalho continua a ser feito com os serviços mais reduzidos, com um atendimento por call center ou via email”.
“Estamos a preparar o apoio através da nossa rede social para ajudar com alimentação, farmácia e outros serviços as pessoas mais vulneráveis, idosas ou que estejam sozinhas. O município, em conjunto com as Juntas de Freguesias, a Santa Casa e toda a restante rede social, está a unir esforços para fazer essa distribuição”, revelou.
O responsável avança ainda que “as famílias já estão identificadas, numa primeira fase”.
“Estamos também, através das redes sociais e da nossa rede de contactos, a tentar que as pessoas nos sinalizem eventuais situações que conheçam para que possamos também chegar lá. Estamos igualmente em articulação com as autoridades, PSP e a GNR a pedir que nos possam identificar mais pessoas carenciadas, especialmente naqueles projetos de aldeias seguras e do apoio às pessoas isoladas, para que nos possam dar a lista dessas pessoas”, explicou.
O município já mandou igualmente suspender “todo e qualquer pagamento que seja devido à autarquia. Desde a semana passada que ninguém tem de pagar nada à câmara municipal, nem rendas, nem água, nem nada. Está tudo suspenso, bem como faturas futuras. Não vamos emitir faturação para ninguém”, acrescentou.
Em simultâneo, “estamos a tentar pagar todas as dívidas que a câmara podia ter, vencidas ou não vencidas, que estivessem por regularizar. Estamos a fazer o esforço com os funcionários que ainda estão na câmara para regularizar estas situações, para que as empresas possam ter alguma disponibilidade financeira para poderem fazer face às despesas deles”, evidenciou.
“Já iniciámos igualmente a higienização e desinfeção de tudo o que é espaço público, através de uma empresa da especialidade, que está a fazer a desinfeção com produtos biológicos, especializados para fazer a descontaminação. Estamos a dar um foco onde existe muita gente, nas portas dos hipermercados, nas farmácias, praças públicas, lojas, nas portas dos mercados e da próprias juntas de freguesia, por exemplo”.
Lagos não tem, até ao momento, “nenhum caso de Covid-19, mas tem perto de 6/7 pessoas em vigilância ativa, alguns já com algum tempo em quarentena e em princípio vai dar negativo”, revelou.
“Depois, o Hospital Privado de São Gonçalo, disponibilizou-se para transformar a unidade do hospital numa unidade de tratamento ao Covid-19 e nós estamos a dar apoio em tudo o que fizer falta”, acrescentou.
O presidente afirmou ainda que o município está a preparar zonas de isolamento para “pessoas identificadas com o vírus ou em risco de terem o vírus e terem de ficar em quarentena. Estamos pré-preparados com um pavilhão e depois temos outras alternativas”.
“Estamos a trabalhar com algumas instalações hoteleiras que se disponibilizaram depois de um contacto nosso, outras que se anteciparem para se disponibilizar para tudo o que fizer falta da parte deles, para cederem as suas instalações para servir, para quarentenas ou para zonas de isolamento”, acrescentou.
O presidente é peremptório: “Neste momento o que está a ser posto em cima da mesa é essa possibilidade para, quer o corpo de bombeiros, quer o corpo de segurança, da PSP e GNR, e outros grupo de apoio, ficarem num sítio próprio para dormir, em vez de irem para casa”.
“Estamos a pensar numa unidade hoteleira para servir de dormitório para que estas equipas que estão de serviço, possam usar esta zona como dormitório, em vez de irem ter com a família para evitar o perigo de contágio”, concluiu.
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