O Ministério Púbico (MP) pediu esta quinta-feira a condenação a prisão efetiva de todos os arguidos do caso Hells Angels, a penas entre 15 e 17 anos.
Naquele que foi o terceiro dia de alegações finais do julgamento dos 89 arguidos, o MP defendeu que a pena não deve ser inferior a 17 anos para os cabecilhas da organização ‘motard’ e de 15 anos para os restantes.
O MP deu como provada a prática dos crimes constantes na acusação e pronúncia, incluindo associação criminosa, ofensa à integridade física, extorsão, tráfico de droga, roubo e posse de armas e munições – e defendeu o aumento de quatro para oito do número de crimes de homicídio na forma tentada imputado aos membros daquele grupo.
Da acusação consta o ataque cometido em 2018 pelo grupo Hells Angels, no restaurante Mesa do Prior, no Prior Velho, inserida na perseguição movida a Mário Machado, ex-líder do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social e que pertencia ao grupo motard rival Bandidos.
Também na sessão desta quinta-feira, José Manuel Castro, advogado de Mário Machado e de outros assistentes no processo, aderiu às alegações formuladas pelo MP, realçando o “caráter raro da violência deste tipo de ataques na criminalidade organizada em Portugal e que envolve um elevado número de efetivos”, pedindo assim a condenação de todos os arguidos, com exceção de dois deles – Francisco Gouveia e António Cirilo – que voluntariamente já pagaram a sua parte relativa ao pedido de indemnização cível dos assistentes/ofendidos.
De acordo com a acusação, os arguidos e membros dos Hells Angels elaboraram um plano para aniquilar o grupo rival Bandidos, em março de 2018, com recurso à força física e a várias armas para lhes causar graves ferimentos, “se necessário até a morte”.
O caso foi investigado pela Polícia Judiciária e na fase de instrução o processo foi dirigido pelo juiz Carlos Alexandre, que tomou a decisão de enviar todos os arguidos a julgamento.