A greve dos trabalhadores dos resíduos sólidos do Algarve não provocou constrangimentos nos serviços de recolha e triagem, tendo sido registada a paragem de produção numa das instalações da Algar, disse hoje à Lusa fonte da administração da empresa.
“A única instalação que sofreu paragem de produção foi a Central de Valorização Orgânica, localizada em São Brás de Alportel”, referiu a mesma fonte da empresa responsável pelo tratamento e valorização de resíduos no Algarve.
Em resposta enviada à Lusa, fonte da administração da Algar referiu que, na segunda-feira, a adesão à greve foi de 27%, sendo que esta terça-feira a adesão registada às entradas das 09:00 foi de 21%, valor que “será acertado após a entrada do segundo turno”.
Por seu lado, o dirigente sindical Eduardo Florindo disse à Lusa que a greve obrigou à paragem de várias instalações da empresa – em São Brás de Alportel, Faro, Olhão, Vila do Bispo e Aljezur -, havendo algumas com lixo “acumulado até ao teto”.
“Algumas instalações da empresa continuam paradas, em Faro, Olhão, Vila do Bispo e Aljezur, assim como o Centro de Valorização Orgânica (CVO) de São Brás de Alportel. Não passa pela cabeça de ninguém o lixo que está acumulado nas instalações da empresa”, relatou.
Segundo o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE Sul), existem armazéns da empresa “cheios de lixo até ao teto” porque os “carros praticamente não têm” onde descarregá-lo.
De acordo com o dirigente sindical, a acumulação de lixo, que é mais expressiva nas estações de transferência, que recebem objetos de grande dimensão, os chamados ‘monos’, já acontecia antes, mas foi agravada pela greve.
Questionada pela Lusa sobre a alegada dificuldade no escoamento do lixo recolhido, a mesma fonte da Algar referiu que “não se registam dificuldades nesta atividade concreta”.
Segundo Eduardo Florindo, esta dificuldade acontece por não haver “trabalhadores suficientes para dar escoamento ao lixo”, havendo motoristas e trabalhadores de outras áreas “a deixar a empresa por causa dos baixos salários que a empresa paga”.
O dirigente do SITE Sul lamentou que a administração da Algar tenha apresentado uma proposta de aumento salarial que “apenas abrangia cerca de metade” dos perto de 400 trabalhadores da Algar, o que levou a que fosse rejeitada em plenário pelos trabalhadores da empresa.
No entanto, a mesma fonte da Algar disse à Lusa estar “sempre disponível para dialogar com os seus trabalhadores”, sublinhando que a valorização salarial “abrangeu 70% dos trabalhadores, nomeadamente, os trabalhadores com as funções profissionais que estão em greve”.
A greve, que se iniciou às 00:00 de segunda-feira e termina hoje às 24:00, foi convocada para reivindicar melhores salários para todos os trabalhadores e a atribuição de um subsídio de risco.
Os funcionários aspiram também a conseguir o “aumento do subsídio de refeição, que já há uns anos não tem atualização, assim como o pagamento do trabalho suplementar”, concluiu.