Francisco Amaral, médico e presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, fez um ponto de situação com o POSTAL sobre as medidas que estão a ser adotadas no concelho devido à pandemia de Covid-19.
“Nós temos um outdoor na rotunda principal a aconselhar as pessoas a ficarem em casa. Aliás, nós temos um gabinete permanente de crise que é chefiado pelo delegado de saúde, que é um excelente delegado de saúde, e que está muito vocacionado para esta área e nós cumprimos as orientações dele”, começou por dizer em entrevista ao POSTAL.
O presidente afirma que têm sido tomadas muitas medidas de combate ao novo coronavírus. “A mais significativa tem a ver com levar os mantimentos e os medicamentos às pessoas que estão na serra. Estamos muito preocupados com os idosos que estão na serra”.
“Eu fui médico na serra algarvia durante muitos anos e na altura, há 30 ou 40 anos, quando o vírus da gripe entrava num monte, corria o monte todo e as pessoas ficavam todas engripadas. Essas gripes complicavam-se, muitas vezes, para pneumonia e se não tomassem antibiótico acabavam mesmo por morrer”, acrescentou.
Francisco Amaral, médico de profissão, salienta que “estamos perante um vírus mais contagioso e mais mortal. É importantíssimo que o vírus não chegue lá. Se o vírus chega a um monte daqueles, a minha opinião é que dizima aquele monte. Essa é a nossa grande preocupação”, defendeu.
“Temos também a Unidade Móvel de Saúde a avisar as pessoas a ficarem em casa. Estamos a distribuir uns flyers para as pessoas nos telefonarem e irmos levar as compras e os medicamentos”, complementou.
O presidente considera, no entanto, que “a situação não é fácil, pois as pessoas levaram uma vida inteira a socializar no seu monte e agora têm de adotar estes comportamentos, daí a importância de ser a Unidade Móvel com médicos e enfermeiros que eles conhecem a ensiná-los a ficarem em casa. Essa é uma preocupação fundamental nossa”.
“Fomos todos apanhados de surpresa com o Covid-19. O Serviço Nacional de Saúde não está capacitado para dar resposta a uma situação destas. Estamos a aprender diariamente. Estamos muito preocupados”, revelou.
“Este é um vírus muito contagioso letal e eu temo pela saúde dos mais idosos. Numa situação destas não há muito a fazer. Não há antibióticos que resolvam a situação. Isto destrói mesmo os pulmões”, referiu.
O presidente refere que tem a informação que de Faro até ao sotavento não há nenhum caso confirmado de infeção pelo novo coronavírus. “Eu não acredito, aliás, há dois dias não havia reagente no Algarve para fazer aquela análise, portanto, eu estou convencidíssimo de que já existem casos no sotavento algarvio”.
“Sinceramente não acredito que não existam casos cá. Isto está muito subavaliado. Esses exames são difíceis de fazer, demoram tempo, entre outros fatores”, acrescentou.
“Há muitos mais casos do que aquilo que se pensa ou se diz”, defende.
Em Castro Marim, “o comércio, os supermercados, as farmácias estão a seguir à risca as orientações que o delegado de saúde dá no que diz respeito ao facto de as pessoas não se aproximarem umas das outras e não existirem ajuntamentos de pessoas. Depois, tem sido cumprido rigorosamente todo o cuidado com a higiene e a limpeza. Isto está a ser seguido à risca. Nós temos a sorte, que não existe em muitos sítios, que é um delegado de saúde tão vocacionado para esta área”.
O presidente relembra que existem muitas situações que merecem um especial cuidado. “Há imensas situações de risco, não basta só ser idoso. Basta uma pessoa estar a fazer quimioterapia, radioterapia, ter uma insuficiência hepática, renal, ser diabético, ser asmático, fumador…Daí a necessidade de existir um cuidado especial com este grupo. Se os outros eventualmente podem sair de casa para ir às compras, estes não devem sair de casa para ir a lado nenhum”, defendeu.
“É mesmo necessário que fiquem em casa. Temos de elevar a proteção ao máximo”, concluiu.