Sempre justificada como tradição, a tauromaquia é, na verdade, um dos costumes mais bárbaros de um sector minoritário e ultrapassado da sociedade portuguesa. Esta é uma actividade que já só existe em oito países e que reúne cada vez mais contestação social. Importa lembrar que as tradições fazem parte da cultura dos povos, mas não são paradas no tempo. São inúmeros os exemplos de tradições culturais que foram abolidas ou modificadas, dada a evolução natural das sociedades. Quando sabemos mais e melhor, temos obrigação de fazer mais e melhor. É assim que a civilização avança. Em suma, o mero facto de determinada actividade ser considerada uma tradição não pode ser uma justificação para que ela se prolongue no tempo.
A verdade é que a tauromaquia não passa de um exercício de violência. Por detrás da suposta bravura das/os cavaleiras/os tauromáquicas/os, dos bandarilheiros, dos forcados e dos demais intervenientes naqueles espectáculos, esconde-se uma triste e horrível realidade – a perseguição, molestação e violentação de touros e cavalos que, aterrorizados e diminuídos nas suas capacidades físicas, são forçados a participar num espectáculo de sangue que não tem nem pode ter lugar nos dias de hoje.
É nosso entendimento que o pilar mais forte que ainda sustém a tauromaquia em todos os oito países é o dinheiro público. São milhões de euros anuais que vão – através do poder local -, para a as várias actividades de índole tauromáquica. Quem defende a indústria diz que esta informação é falsa, mas as informações são públicas e podem ser comprovadas nesta compilação que, com muito esforço e trabalho, fazemos diariamente: http://www.enterrartouradas.org/images/Base_de_Dados_Dinheiro_P%C3%BAblico_TM.pdf . Acreditamos que o caminho para acabar com esta indústria macabra e obsoleta é o “fechar da torneira” do dinheiro público. É por essa razão que temos a decorrer uma Iniciativa Legislativa de Cidadãs/os, que qualquer cidadã/o eleitor/a em Portugal pode assinar (http://peticaopublica.com/?pi=PT86673), e, dessa forma, fazer parte da mudança que quer ver acontecer. Sim, porque a maioria de nós quer um mundo mais justo e menos violento para todos os seres; humanos e não humanos.
Sabemos perfeitamente que a tauromaquia não termina “hoje”. Não há, presentemente, uma maioria parlamentar que se posicione abertamente contra a tauromaquia. Isto sucede por várias razões, sendo que as mais gritantes são:
a) ligações pessoais e familiares (leia-se, financeiras) à indústria;
b) ligações partidárias a autarquias com maior tradição tauromáquica.Esta é a realidade e nós só podemos trabalhar com factos. Temos um objectivo: a abolição da tauromaquia! Temos a certeza de que ela será uma realidade. Sem dúvida absolutamente alguma! Da mesma forma que sabemos que há um caminho até à abolição, caminho esse que começou muito antes da nossa existência, e, cujo percurso muito respeitamos, e que continua, em várias frentes. É, nesse caminho, que nos centramos.
A tauromaquia não só vai acabar, como já está a acabar. As/os aficcionadas/os sabem muito bem que é verdade e queixam-se frequentemente disso mesmo. Pela nossa parte, continuaremos a desenvolver estratégias concertadas e o mais assertivas que conseguirmos para que esse fim esteja o mais próximo possível.