A comissária do parlamento ucraniano para os direitos humanos alertou esta semana para o caso de cerca de 25 mulheres, entre os 14 e os 24 anos, que foram “violadas várias vezes na cave de uma casa em Bucha”. Mas o que se passou nesta cidade, que se tornou conhecida em todo o mundo após a passagem das tropas russas, não é caso único. Lyudmyla Denisova diz à BBC que as denúncias de violações não param de chegar. E muitas delas são chocantes.
A BBC partilhou, esta semana, o testemunho de Ana (nome fictício), uma ucraniana de 50 anos que vive num pacata vila a cerca de 70 quilómetros de Kiev e cuja viva mudou no dia 7 de março, quando, ao 11.º dia de invasão da Ucrânia, as tropas russas chegaram.
Um jovem, que descreve como magro e combatente checheno aliado da Rússia, entrou em sua casa e apontou-lhe uma arma. Ordenou a Ana que fosse para uma casa próxima e que se despisse, ameaçando matá-la se não fizesse. E aí, violou-a. Ironia do destino, acabou por ser ‘salva’ por quatro soldados russos.
Quando voltou para casa, o marido tinha sido baleado no abdómen. Devido aos ataques constantes, Ana e os vizinhos não conseguiram transportá-lo para o hospital. Morreu dois dias depois. A BBC conta que Ana não parou de chorar enquanto recordava o que se passou.
Mas o que se passou com Ana não foi um caso isolado. À BBC, a comissária do parlamento ucraniano para os direitos humanos, Lyudmyla Denisova, revelou que há informação de vários casos de violações. “Cerca de 25 mulheres, entre os 14 e 24 anos, foram violadas várias vezes na cave de uma casa em Bucha, durante a ocupação russa. Nove delas estão grávidas”, disse.
“Os soldados russos disseram-lhes que iriam violá-las até ao ponto em que elas não iriam querer ter qualquer relação sexual”. O objetivo, diz Denisova, é “evitar que tenham crianças ucranianas”.
São várias as denúncias que chegam ou através das linhas de apoio ou de outros meios, como a rede Telegram. “Uma mulher de 25 anos ligou-nos a dizer que a irmã de 16 anos foi violada na rua à sua frente, enquanto os soldados russos diziam: ‘Isto vai acontecer a todas as prostitutas nazis’”, partilhou a comissária ucraniana com a BBC.
Questionada sobre se consegue ter uma noção da dimensão destes casos de violações, Lyudmyla Denisova disse “não ser possível, até porque nem todas as vítimas têm a coragem de contar o que passaram”.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL