Em vigor desde maio de 2018, o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) trouxe mudanças significativas à forma como os dados pessoais são tratados e protegidos em toda a União Europeia. Este regulamento, formalizado pelo Regulamento (UE) n.º 679/2016, reforça os direitos dos cidadãos e impõe obrigações rigorosas às organizações no que toca à gestão de informações pessoais. Passados anos desde a sua implementação, é importante relembrar os aspetos essenciais deste quadro legislativo.
O que é o RGPD?
O RGPD foi criado para proteger os cidadãos perante o tratamento massivo de dados pessoais, especialmente por grandes empresas e serviços digitais, como explica o Pplware. Este regulamento não só introduziu novas regras para o processamento de dados, mas também reforçou os direitos dos indivíduos relativamente às informações que lhes dizem respeito. A sua aplicação é obrigatória em toda a União Europeia e é complementada, em Portugal, pela Lei n.º 58/2019, que adapta algumas disposições nacionais ao quadro europeu.
Quem fiscaliza o cumprimento do RGPD?
Em Portugal, a entidade responsável por monitorizar a aplicação do RGPD é a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD). A CNPD tem autoridade para aplicar sanções em casos de incumprimento, que podem variar entre multas percentuais sobre o volume de negócios anual (2% a 4%) ou valores fixos, dependendo da gravidade da infração.
Além disso, as organizações públicas e algumas privadas, como empresas que processam dados sensíveis em larga escala, são obrigadas a designar um Encarregado de Proteção de Dados (DPO), que desempenha um papel crucial na supervisão das práticas de privacidade.
O que são dados pessoais?
De acordo com o RGPD, dados pessoais referem-se a qualquer informação que permita identificar, direta ou indiretamente, uma pessoa singular. Exemplos incluem:
- Nome;
- Número de identificação;
- Dados de localização;
- Identificadores eletrónicos;
- Informações relacionadas com a identidade física, genética, económica, cultural ou social.
Quais são os direitos dos titulares dos dados?
O RGPD estabelece um conjunto de direitos para os cidadãos, garantindo maior controlo sobre os seus dados pessoais:
- Acesso aos dados pessoais – Direito de saber que dados são mantidos e como estão a ser utilizados.
- Retificação – Possibilidade de corrigir informações incorretas.
- Apagamento – Conhecido como “direito ao esquecimento”, permite que os dados sejam eliminados em certas condições.
- Limitação do tratamento – Restrições ao processamento de informações.
- Oposição – Direito de recusar o uso de dados em situações específicas.
- Notificação de alterações – Informação ao titular sobre mudanças ou violações.
- Portabilidade dos dados – Transferência de informações pessoais para outro fornecedor.
Princípios de tratamento de dados
O artigo 5.º do regulamento estabelece os princípios fundamentais para a recolha e processamento de dados pessoais:
- Licitude, lealdade e transparência – Processamento claro e ético.
- Limitação da finalidade – Dados usados apenas para os fins declarados.
- Minimização de dados – Recolha limitada ao essencial.
- Exatidão – Manutenção de dados atualizados.
- Limitação de conservação – Dados guardados apenas pelo tempo necessário.
- Integridade e confidencialidade – Garantia de segurança contra perdas ou acessos não autorizados.
- Responsabilidade – As organizações devem comprovar a conformidade com estas normas.
Consentimento claro e explícito
O RGPD exige que o tratamento de dados pessoais seja realizado com base no consentimento do titular. Este deve ser livre, informado e inequívoco, sendo obrigatória uma manifestação clara de aceitação por parte do indivíduo.
O RGPD representa um avanço significativo na proteção da privacidade e na promoção da transparência no tratamento de dados. Ao garantir que os direitos dos titulares são respeitados e que as organizações são responsabilizadas, o regulamento não apenas protege os cidadãos, mas também fomenta a confiança num mundo cada vez mais digital. A sua aplicação, entretanto, continua a ser um desafio para muitas empresas, reforçando a importância de uma gestão responsável e informada dos dados pessoais.
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