Duas praias populares de Los Cristianos, em Tenerife, foram alvo de vandalismo. Mais de 200 espreguiçadeiras nas praias de Las Vistas e El Camisón foram destruídas e grafitadas com mensagens antiturismo, como “Canarias se defiende” e “Canarias no se vende”. Este ato foi descrito pela Câmara Municipal de Arona como um “ataque coordenado”.
Os danos incluíram a destruição de 100 espreguiçadeiras em Las Vistas e 136 em El Camisón, além de paredes pintadas num centro comercial próximo. Um vídeo divulgado após o incidente mostra vândalos a cortar espreguiçadeiras com facas. De acordo com o Canarian Weekly, os prejuízos ascendem a 5.000 euros.
Fátima Lemes, Presidente da Câmara de Arona, condenou o ato: “Somos contra todos os tipos de vandalismo e a falta de civismo de algumas pessoas que atacam o património de Arona, o que causa sérios danos, tanto aos residentes, como aos visitantes.” A autarca reforçou que estas ações são ilegais e apelou à população para ajudar a identificar os responsáveis.
Segundo a Euronews, este incidente é mais um reflexo de um crescente sentimento antiturismo nas Ilhas Canárias. Em abril, manifestações por todo o arquipélago pediram limites ao desenvolvimento turístico descontrolado, que, segundo os residentes, prejudica o ambiente e a qualidade de vida. Alguns ativistas chegaram a entrar em greve de fome para travar novos empreendimentos turísticos. Embora a maioria dos protestos tenha sido pacífica, alguns casos geraram preocupação, como a destruição de cofres de ‘check in’ em Sevilha ou a invasão de praias em Tenerife para intimidar turistas.
Ativistas locais afirmam que o problema não é o turismo em si, mas o “excesso de turismo”. Segundo Daniel Cabrera, “queremos o turismo, mas o que não queremos é um excesso de turismo, um turismo de lixo que não beneficia a economia local”. O mesmo explicou que 75% dos lucros do setor acabam por sair de Espanha, um facto que considera inaceitável.
O turismo também é ainda acusado de aumentar o custo de vida, causar problemas ambientais e sobrecarregar os serviços públicos. Em 2023, 34% dos habitantes das Ilhas Canárias estavam em risco de pobreza ou exclusão social, o segundo valor mais alto de Espanha.
Em 2023, as Canárias receberam 14 milhões de turistas internacionais, gerando um recorde de 20 mil milhões de euros em receitas. O debate sobre os limites do turismo nas Ilhas Canárias continua, enquanto as comunidades locais tentam equilibrar desenvolvimento económico e sustentabilidade.
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