União Europeia está em estado de guerra e o conflito rapidamente atingiu uma escala global. Multiplicam-se as várias reações contra a invasão do Governo Russo ao território da Ucrânia. As imagens de destruição, morte e desespero têm despertado a atenção do mundo. O ataque está a ser condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo. Nunca a solidariedade da comunidade internacional perante uma guerra foi tão intensa e tão mediática. Ao ponto de mobilizar igualmente um número cresente de hackers numa cruzada contra o Governo de Putin. O primeiro passo foi dado pelo conhecido grupo de hackers Anonymous que passou a estar “oficialmente em guerra cibernética contra o Governo russo”.
A primeira grande guerra cibernética
A Rússia lançou na madrugada de quinta-feira, da passada semana, uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades. Nesse mesmo dia, em resposta à ofensiva militar russa, o grupo Anonymous deixou claro que estava do lado do povo ucraniano e da paz.
“Queremos que o povo russo entenda que sabemos que é difícil falarem com o vosso ditador, por medo de sofrerem represálias. Nós, como grupo, queremos apenas paz no mundo. Queremos um futuro para toda a humanidade. Portanto, queremos que entendam que isto é inteiramente direcionado às ações do Governo russo e de Putin”.
Pouco tempo depois destas declarações, o grupo reivindicou o ataque à rede de televisão estatal russa, a RT News, e ao site governamental do Serviço Federal Anti-Monopólio (FAS).
Para além disso, o grupo conhecido pelo hacktivismo (hackers+ativismo) tem revelado informações sobre os planos de ataque da Rússia, sendo o mais recente um “bombardeamento massivo” ordenado por Moscovo a Kiev.
No passado domingo, o grupo Anonymous deixou uma nova mensagem, desta vez ao Presidente russo, na qual ameaça Putin de expor os seus segredos e sequestrar “componentes chave” da infraestrutura governamental da Rússia.
Num vídeo publicado no Twitter, a legião de hackers volta a condenar a invasão russa na Ucrânia e a acusar o regime russo de “não respeitar os direitos humanos ou o livre arbítrio dos seus vizinhos”.
Diz que as sanções impostas vão “magoar muito mais” a população russa do que o próprio Putin e, por isso, não são a solução “apropriada”.
Perante a situação, ameaça Putin com uma onda de ciberataques “sem precedentes” e diz que os seus segredos “podem deixar de estar seguros”.
No vídeo, o grupo recorda os ciberataques contra sites do Governo russo e diz que isto é “só o início”.
“Vais sentir a ira dos hackers de todo o mundo, muitos dos quais, provavelmente, residem no teu país natal (…) Esta não é uma guerra que vais conseguir vencer, independentemente do quão poderoso pensas que és.”
Guerra cibernética intensifica-se nos 2 lados
Segundo dados da Check Point Research (CPR), divulgados esta terça-feira, há um aumento de 4% do número de ciberataques por organização russa, em comparação com os mesmos dias da semana anterior, enquanto na Ucrânia o aumento geral de ciberataques por organização aumentou em 2%. Já outras regiões a nível global registaram um decréscimo de ciberataques por organização.
“A atividade cibernética está a aumentar em torno do conflito em curso entre a Rússia e a Ucrânia. Estamos a assistir a aumentos do número de ciberataques em ambos os lados, sendo o governo e o setor militar ucraniano os que registam o maior aumento. É importante compreender que a guerra atual também tem uma dimensão cibernética, onde as pessoas ‘online’ estão a escolher um lado, desde a ‘dark web’ (‘sites’ ocultos) até às redes sociais,” disse Lotem Finkelstein, chefe de informação sobre ameaças na Check Point Software, citado no comunicado.
Ciberataques quase duplicaram nos primeiros 3 dias de combate
De acordo com a análise da CPR, divisão de informação da empresa Check Point Software, a administração pública e o setor militar ucranianos sofreram um aumento de 196% do número de ciberataques nos primeiros três dias do conflito, comparado com os primeiros dias de fevereiro de 2022.
“Verificando as estatísticas globais e relativas à Rússia para o mesmo setor, não há um aumento semelhante”, assinalava então a empresa em comunicado.
Elon Musk disponibiliza “a melhor e resistente Internet”
Ao quarto dia de guerra, o bilionário Elon Musk disponibilizou à Ucrânia o melhor e mais resistente serviço de internet, que é propriedade do fundador da Tesla e da SpaceX. Este sistema vai permitir à Ucrânia ter internet mais rápida e com isso tornar praticamente impossível à Rússia comprometer as comunicações do país vizinho.
Ucrânia lança campanha de recrutamento de hackers
O vice-primeiro ministro da Ucrânia, Mykhailo Fedorov, conseguiu que Elon Musk desse luz verde à estreia das comunicações de satélite da Starlink, e bloquear fluxos de receitas entre YouTube e internautas russos. Atualmente, está em curso uma campanha de recrutamento de hackers para ataques a alvos previamente identificados na Rússia.