Nadya Tolokonnikova, um dos rostos mais visíveis das Pussy Riot, deu uma entrevista ao jornal “The Guardian”, na qual falou da invasão da Ucrânia por parte da Rússia, país onde nasceu.
Em 2012, a artista e ativista foi condenada a uma pena de prisão por participar numa “oração punk” contra Vladimir Putin, cumprindo dois anos na Sibéria. Mas nem o facto de ser persona non grata no seu próprio país a demoveu, agora, de criar um fundo de apoio à Ucrânia com recurso a um NFT da bandeira ucraniana: em apenas cinco dias, esse fundo já angariou mais de sete milhões de dólares.
Nadya admitiu que a guerra a faz “chorar todos os dias”. “Não era necessária, nem sequer é lógica. Não era algo que tivesse que acontecer. É um desastre, que vai acabar com milhares de vidas”, disse, deixando
críticas à comunidade global, nomeadamente “às pessoas diziam que não apoiavam as políticas de Putin, mas continuaram a fazer negócios com ele”.
“Fizeram-nos [às Pussy Riot] perguntas sobre como lidar com Putin, como manter uma conversa. E eu aconselhei sempre as pessoas a serem o mais severas possível. Não podemos ser brandos com Putin. Os ditadores tratam a amabilidade como uma fraqueza”.
Nadya explicou, ainda, o porquê de considerar que a Ucrânia acabará por vencer esta guerra. “Se lutas contra um ditador, tens que lhe mostrar que estás disposto a lutar até ao fim. A Ucrânia pode vir a perder
algumas cidades, mas estão dispostos a lutar até ao fim”.
Para a ativista, a situação na Rússia só mudará se “milhões de pessoas forem para a rua e se recusarem a sair até Putin sair [do poder]. Mas isso é incrivelmente perigoso. Putin é louco, pelo que poderá abrir fogo sobre o seu próprio povo. Percebo perfeitamente porque é que as pessoas ainda não estão todas na rua.”
- Texto: Blitz do Expresso, jornal parceiro do POSTAL