Morreram mais dois jornalistas na guerra da Ucrânia. Pierre Zakrzewski e Oleksandra Kuvshinova estavam ao serviço da Fox News quando o carro em que seguiam foi atacado em Horenka, nos arredores de Kiev, esta segunda-feira.
A morte do repórter de imagem Pierre Zakrzewski foi a primeira a ser noticiada pelo canal norte-americano. Num comunicado, a CEO da Fox News lamentou a perda de um profissional cuja “paixão e talento eram incomparáveis”.
“Pierre era um fotógrafo de zonas de guerra que cobriu quase todas as histórias internacionais para a Fox News, do Iraque ao Afeganistão e à Síria durante seu longo serviço connosco”, disse Suzanne Scott. De acordo com a responsável, o jornalista desempenhou um “papel fundamental” na evacuação dos colaboradores freelancer e suas famílias do Afeganistão após a retirada das tropas dos EUA no ano passado.
Pierre Zakrzewski, de 55 anos, era irlandês e trabalhava para o canal norte-americano a partir de Londres. Estava na Ucrânia em trabalho desde fevereiro.
A morte de Oleksandra Kuvshinova só foi avançada posteriormente por uma colega no Twitter. Segundo Yonat Friling, a jovem ucraniana de 24 anos estava a trabalhar há um mês com a equipa. Era produtora freelancer para a Fox News e Limelight Networks. Não se sabe para já porque é que a informação sobre a sua morte não foi incluído no comunicado original do canal.
No mesmo ataque, o também jornalista Benjamin Hall ficou ferido e encontrava-se ainda hospitalizado na Ucrânia esta terça-feira. A Fox News diz estar ainda a reunir informações sobre o incidente.
PELO MENOS QUATRO JORNALISTAS MORRERAM DESDE INÍCIO DA GUERRA
De acordo com o balanço oficial mais recente avançado por Ludmila Denissova, responsável pela pasta dos direitos humanos no Parlamento ucraniano, antes do ataque desta segunda-feira tinham já morrido três jornalistas desde o início da invasão, a 24 de fevereiro. Mais de 30 ficaram feridos.
O primeiro jornalista a perder a vida foi Yevhenii Sakun. O repórter de imagem de 49 anos estava ao serviço do canal ucraniano LIVE e era também correspondente da EFE. O seu corpo foi identificado pelas credenciais e a morte foi confirmada ao sindicato dos jornalistas ucranianos pelas autoridades.
Segundo o Committee to Protect Journalists, morreu quando forças russas bombardearam uma torre televisiva em Kiev no dia 1 de março. O ataque matou mais quatro civis. De acordo com o presidente da câmara, as cinco pessoas estavam no passeio junto à torre quando dois mísseis russos atingiram a infraestrutura.
No passado domingo (dia 13) morreu um segundo jornalista, o norte-americano Brent Renaud. O videojornalista foi o primeiro correspondente estrangeiro a perder a vida neste conflito. Dois outros jornalistas ficaram feridos no mesmo ataque e foram levados para o hospital. Enquanto estava a ser tratado, um deles – o premiado fotojornalista Juan Arredondo – relatou o incidente num vídeo que foi divulgado no Twitter.
De acordo com Juan Arredondo, os jornalistas seguiam de carro em Irpin quando foram emboscados por tropas russas. “Estávamos a atravessar uma das primeiras pontes de Irpin, íamos filmar outros refugiados a sair [da cidade], e entrámos num carro. Alguém se ofereceu para nos levar para a outra ponte e passámos um posto de controlo, quando começaram a disparar contra nós”, afirma.
“Então o motorista fez inversão de marcha e eles continuaram a disparar, éramos dois. O meu amigo é Brent Renaud e foi baleado e deixado para trás… eu vi-o ser baleado no pescoço. Nós separamo-nos e eu fui puxado para a (maca)”.
Inicialmente foi noticiado que o jornalista estava ao serviço do The New York Times, uma vez que foi encontrada uma credencial antiga do jornal norte-americano com o corpo. A publicação emitiu um esclarecimento em que lamenta a perda do ex-colaborador, mas informa que este não estava na Ucrânia ao serviço do NYT. Posteriormente a Time emitiu um comunicado onde confirma que o jornalista estava “na região a trabalhar num projeto da TIME Studios sobre a crise global de refugiados”.
Brent Renaud, 50 anos, era um conceituado videojornalista que tinha já trabalhado no Afeganistão, Iraque e Haiti. Em 2014 venceu um Peabody Award pelo trabalho “Last Chance High”, sobre as escolas de Chicago. O jornalista trabalhava frequentemente com o irmão Craig, também cineasta, não se sabendo se estará também na Ucrânia.
Cerca de uma semana antes, no dia 5, já tinha sido reportado um ataque a jornalistas internacionais. O carro onde seguia a equipa da Sky News também foi alvejado quando regressava a Kiev, depois de ter desistido da visita a outra cidade por não ser segura.
A equipa foi forçada a sair do carro sob fogo e procurar abrigo numa fábrica abandonada até ser resgatada pela polícia ucraniana. O correspondente Stuart Ramsay foi alvejado no fundo das costas e o operador de câmara Richie Mockler foi atingido duas vezes no colete à prova de bala. Os dois sobreviveram ao ataque.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL