
O desemprego no Algarve atingiu 8,5% no terceiro trimestre deste ano, superando a média nacional, dados que estão a preocupar as autoridades, disse hoje a diretora regional do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
“No terceiro trimestre do ano [2020], o Algarve mais uma vez ultrapassou a média nacional. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de há poucos dias, estamos com uma taxa de desemprego de 8,5%, o que dá 0,7 pontos percentuais acima da média nacional”, lamentou.
Aquela responsável falava durante uma reunião ‘online’ da Rede INVESTALGARVE, organizada pela Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), na qual destacou a importância de reforçar competências para dar mais resiliência ao emprego na região.
Segundo a diretora regional do IEFP/Algarve, a formação profissional na região só abrangeu 500 trabalhadores, num universo de 12.454 que beneficiaram de medidas de apoio como o ‘lay-off’.
Madalena Feu notou que 2020 “tem sido um ano de grandes travas e grandes desequilíbrios de sistemas”, que ocorreram “de forma abrupta – quase como um ‘tsunami’ – pela grande crise de saúde pública” criada pela covid-19, com um impacto negativo no desemprego na região.
Como o turismo no Algarve e todas as atividades relacionadas “ocupam quase 90% da economia” regional e foram “dos setores mais atacados pelo surto pandémico”, a atividade económica acabou por “ressentir-se”.
A crise provocada pela pandemia teve “reflexos imediatos no emprego e desemprego”, pondo termo a quatro anos de “um ciclo económico de progressivo crescimento” e “uma diminuição efetiva e forte do desemprego”, disse.
Nos terceiros trimestres de 2018 e 2019, a região estava “praticamente no pleno emprego”, com taxas de desemprego próximas dos 5% e até “falta de mão-de-obra”, cenário que se inverteu “de repente, em março, quando janeiro e fevereiro estavam a ser meses absolutamente normais”, exemplificou.
“Em março, de um momento para o outro, e de forma abrupta, os serviços de emprego – que estariam a trabalhar para a saída dos desempregados para a bendita época alta em que a atividade económica mexe na região – viram de repente, em três meses – de março a maio -, aumentar em mais de 6.000 os inscritos nos centros de emprego, atingindo em maio um pico máximo de desemprego de 27.675 pessoas”, quantificou.
A diretora regional do IEFP frisou que, “em três meses”, o desemprego registou “crescimentos acima dos 200%”, trazendo “uma pressão enorme sobre os serviços” e aos seus profissionais, que têm vindo a trabalhar para dar resposta às pessoas num contexto em que os próprios tiveram a necessidade de se adaptar para prestar o serviço em condições de segurança que evitassem contágios pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2).
“Entre junho e setembro conseguimos diminuir em termos absolutos 7.250 desempregados, atingindo em setembro números na ordem dos 20 mil desempregados, o que não é normal nesta época do ano, mas, tendo em conta a situação crítica que estávamos a viver, até considerámos que foi positivo”, considerou, referindo-se ao período do verão, no qual as restrições foram desagravadas e a atividade turística aumentou.
Madalena Feu reconheceu, no entanto, que os técnicos de emprego estão “muito preocupados porque, a partir de setembro, estes números começam a dar sinais de estar a aumentar e a expectativa é a de que esta situação se vá agravar até ao fim do ano ou até ao próximo ano”, até que haja alguma retoma.
“Vai ter repercussões para o ano que vem e temos que estar preparados para isso e ter respostas para todos”, concluiu.