Como era, antigamente, a alimentação das famílias algarvias? Neste festival os sentidos despertam-se com velhas receitas, memórias e experiências que atualizam a antiga sabedoria gastronómica, avança o Boa Cama Boa Mesa do EXPRESSO.

Do litoral à serra algarvia, o Festival da Comida Esquecida promete levar de volta à ribalta antigos pratos da região com experiências sensoriais e no terreno.
Provar sardinhas garnentas, pau roxo e catacuzes; visitar uma horta familiar, colher legumes que a seguir se cozinham numa casa particular; seguir uma narrativa sensorial à volta da comida em locais monumentais ou fazer um piquenique de charme como nos anos 30 e 40 são algumas propostas do certame que se prolonga por vários meses, entre outubro e maio do próximo ano, com eventos distribuídos por toda a região.
A primeira iniciativa foi um piquenique de charme que recriou os piqueniques que se realizavam durante o século XX no Algarve e que representavam um importante papel no convívio e socialização entre as pessoas. No chão ou em mantas, em paisagens selecionados, um chefe apresentou o menu de degustação para a data e os produtos específicos utilizados na sua confeção. O acordeão marcou presença durante o piquenique, como acontecia noutros tempos – bem como um par de bailarinos de folclore que dançaram o tradicional Corridinho.
O primeiro repasto ao ar livre (€20) decorreu a 19 de outubro, na Quinta Pedagógica de Silves e foi um sucesso.
Aponte na sua agenda os próximos: 28 de março, em Benafim, no município de Loulé; 18 de abril, em Santo Estevão, junto a Tavira; e 2 de maio de 2020, em Cacela Velha, no concelho de Vila Real de Santo António.
Numa colaboração entre três universidades do país nasceu uma experiência que tem como epicentro um menu inspirado e alinhado com os princípios da recuperação da biodiversidade e o fortalecimento dos ecossistemas, reflecte os ciclos de produção e o respeito pelas identidades dos territórios, a proximidade dos produtos à origem e o modo como estes são tratados nas cozinhas e procuram também reflectir o ciclo de vida da árvore.
Ainda para este ano, o primeiro Momentum – Da floresta ao prato, uma experiência sensorial (€35) acontece a 8 de novembro no Convento do Carmo, em Lagoa.
Segue-se o Museu do Traje, em São Brás de Alportel, a 9 de novembro e a Ermida da Guadalupe, em Vila do Bispo, a 10 de novembro.
Outra experiência proporcionada pelo Festival da Comida Esquecida passa por Colher e Cozinhar (€15). Consiste na recolha de ingredientes tradicionais, alguns pouco conhecidos do público, em hortas familiares. Os anfitriões orientam os participantes num passeio interpretativo pelo território envolvente, focando os modos de vida e a história da horta e dos seus produtos.
Os ingredientes recolhidos são depois utilizados para confecionar um prato sazonal da cozinha tradicional algarvia nas imediações desse mesmo local, durante o qual serão partilhadas histórias e conhecimentos.
Está agendado para 30 de novembro (Giões, Alcoutim) e 8 de dezembro (Tôr, Loulé). Por fim, a 30 de maio, a Casa da D. Glória promete uma festa rija que marca o encerramento do certame com comida algarvia, claro, mas também muita animação, fanfarra, acordeão, corridinho e danças do mundo.
“O objectivo desta iniciativa é fazer renascer receitas e ingredientes perdidos na memória, e em alguns casos em iminência de extinção da sua espécie, tanto por estarem associadas à pobreza; ou à ruralidade; ou pelo facto de não serem espécies de interesse agrícola actual”, esclarece a organização em comunicado. Mais informações e reservas na página do Festival da Comida Esquecida.