Emigrantes portugueses a residir na China estão a denunciar situações de discriminação por parte dos chineses, que por medo do covid-19, acabam por criar um problema que afeta a comunidade estrangeira e ignorada por Pequim.
Em Guangdong, dois portugueses denunciaram vários incidentes discriminatórios de que têm sido alvo. Um dos homens disse ter sido impedido de alugar espaços desportivos pela simples razão de ser estrangeiro.
Contam também vários relatos que têm recebido de amigos próximos, como o impedimento de entrar na loja da multinacional norte-americana Walmart na cidade vizinha de Macau, Zhuhai, ou até de outros que foram expulsos de um hotel.
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) confirma a situação e diz à Lusa que “O Governo central tem o dever de proteger toda a gente (…) Este racismo tem de ser parado”.
Estão registadas várias denúncias de estrangeiros barrados em vários serviços e que estão a sofrer ataques xenófobos nas ruas e nas redes sociais do país chinês.
Depois de ter sido o epicentro da pandemia, a China vive desde há várias semanas períodos de maior paz, com os casos registados a diminuírem. A maioria dos infetados é agora proveniente do exterior e o medo e insegurança do país estão a causar situações xenófobas, uma vez que o vírus se disseminou e está agora na Europa e também na América, com os Estados Unidos a serem o país mais afetado no momento.
É preciso agir para prevenir esses comportamentos, que podem, tal como o novo coronavírus, se expandir por toda a população e, dessa forma, estaríamos a regredir na evolução que temos feito acerca das questões de racismo e xenofobia.
O cônsul português na cidade chinesa de Cantão afirmou ter conhecimento de casos discriminatórios para com estrangeiros. Afirma à Lusa que nenhum português fez ainda queixa formal.
Sabe-se ainda que o grupo que tem sofrido mais racismo e xenofobia é o africano. Foram divulgadas fotografias e vídeos que mostravam jovens e famílias de africanos a dormirem na rua em Cantão, no sul da China, após terem sido forçados a deixar casas e hotéis pelas autoridades, e proibidos de entrarem em lojas e em restaurantes.
Afirma o responsável pela HRW que “a xenofobia e o racismo não têm lugar num país civilizado”.