A Casa Memória da Estrada Nacional (EN) 2 é inaugurada no sábado em São Brás de Alportel, concelho serrano algarvio, dando a conhecer parte da história desta via que liga o país de Faro a Chaves.
“Este espaço é uma cápsula do tempo, que guarda a memória do concelho, porque o crescimento da cidade fez-se com a EN 2” afirmou à Lusa o presidente da câmara.
Vítor Guerreiro defendeu que este local “é a memória da comunidade de São Brás de Alportel”, mas “também de quem rumava ao Algarve pela EN 2” com passagem obrigatória por esta vila “às portas da serra”.
A Casa Memória da EN 2 nasce na antiga 8.ª Secção de Conservação das Estradas do distrito de Faro, de onde “saíam diariamente os cantoneiros para a missão de manutenção da estrada” e onde ficaram depositados os instrumentos de trabalho “usados na faina do cantoneiro”. Cada um tinha a seu cargo a manutenção de um cantão, ou seja, uma secção da estrada, bem como das placas de sinalização.
Encerrada desde o início dos anos 80, a antiga casa de cantoneiros está localizada no Largo de São Sebastião, que a população de São Brás de Alportel apelida de “centro do universo”, justamente no cruzamento entre a mais longa estrada da região (EN 270) e a mais extensa do país (EN 2), adiantou o autarca.
“São Brás cresceu com o transporte da cortiça que vinha da serra pela EN 2 e era trabalhada na cidade, mas também com a produção de alfarroba, amêndoa e figo que seguiam pela EN 270 para Olhão e Tavira, de onde vinham os produtos do mar”, destacou Vítor Guerreiro.
A “estrutura base da estrada e os marcos que sinalizam a EN 2” eram também fruto de outra das atividades económicas do concelho, a extração de pedra – calcário e brecha – com que trabalhavam cantoneiros e canteiros, que podem agora ser conhecidos.
A construção da Pousada de S. Brás de Alportel, “à beira da EN2”, é outro marco apontado pelo autarca como “um fator turístico importante para a região”.
O passado desta realidade histórica poderá ser conhecido não só através dos vários documentos e instrumentos expostos na casa, como pelas histórias de quem recebe os visitantes, que terão ainda a oportunidade de descansar e “despertar os sentidos” com o chá do viajante, feito com “ervas colhidas na serra do Caldeirão”, revelou Vítor Guerreiro.
A inauguração da Casa Memória está marcada para as 19:00 de sábado, prevendo-se a presença do secretário de Estado do Planeamento, José Gomes Mendes, que apadrinhará o espaço que conheceu, ainda em preparação, no dia 03, quando da passagem pela vila algarvia na sua travessia de Portugal em bicicleta.