Criado em 2008, o exercício Seaborder integra-se na Iniciativa 5+5 Defesa, na qual participam Portugal, Espanha, Itália, França, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Malta e Mauritânia, para responder a desafios como as migrações e os refugiados, bem como o tráfico de armas, de pessoas ou de drogas no Mediterrâneo.
“São nações que partilham as preocupações com a segurança no Mediterrâneo e que concordam em implementar a sua capacidade naval para responder aos problemas da segurança em áreas marítimas que são imensas”, apontou aos jornalistas o comandante da força naval portuguesa em exercício, no Ponto Naval de Portimão.
De acordo com Gamurça Serrano, o exercício, que é realizado alternadamente por cada um dos países, consiste em treinos no mar “com o objetivo de estabelecer pontes entre as várias nações, agilizar procedimentos de intervenção e reforçar a cooperação para uma maior eficácia na segurança marítima”.
“Estes exercícios são uma forma de ultrapassar barreiras e criar estágios de entendimento, porque são forças navais de vários países que operam dentro do mesmo enquadramento sem uma doutrina militar comum, ao contrário da NATO”, sublinhou.
Aquele responsável da Marinha Portuguesa adiantou que os treinos conjuntos “colocam as pessoas em contacto, as quais se começam a aperceber dos diferentes procedimentos e a ajustar as suas formas de atuação, permitindo operar uns com os outros para um fim comum”.
“Criam-se códigos de operação para um entendimento entre as diversas forças navais que nos permitam interoperar e atingir a missão ou tarefa que nos foi dada, porque à medida que vamos operando juntos vai-se ganhando confiança e aumentando as exigências em termos operacionais para utilizar este vetor militar de forma mais eficaz”, referiu.
Segundo Gamurça Serrano, a preparação do exercício Seaborder “não é fácil, porque integra países muito diferentes na sua atuação, sendo necessário estabelecer procedimentos comuns, representando um esforço acrescido e um grau maior de dificuldade para aproximar as forças da Marinha de dez países”.
“A forma como os países decidem dar prioridade a este exercício é o reconhecimento da sua importância e o primeiro indicador do interesse que têm na cooperação da segurança marítima internacional”, destacou.
Os exercícios navais, que decorrem até sexta-feira ao largo de Portimão, na costa algarvia, envolvem seis navios de patrulha das Armadas de Portugal, Espanha, Itália, França, Tunísia, Marrocos e Argélia, e um avião P3-CUP da Força Aérea Portuguesa.
De acordo com o comandante Batista Pereira, chefe do Estado-Maior daquele exercício, a participação da Força Aérea Portuguesa tem também um papel fundamental na segurança marítima, ressalvando que “não existem operações no mar sem aeronaves”.
“Além de uma aeronave tripulada temos também uma outra não tripulada, o [drone] Ogassa, o que nos permite ver mais além e preparar as operações com informação especifica ou seja, posicionar um navio de forma inteligente no sítio onde ele fizer mais falta”, especificou o capitão de fragata.
Batista Pereira reforçou que o Seaborder “permite ter uma eficácia de treino e de intervenção das Forças Armadas das nações participantes e contribui para o estreitamento das relações de confiança e de amizade entre os países do sul da Europa e do Norte de África”.