As preocupações da população de Santa Luzia têm mais de uma década. Numa ata de uma Assembleia Municipal, datada de 19 de abril de 2010, e consultada pelo Postal do Algarve, foi possível perceber que a instalação das antenas devia obedecer às regras de um Regulamento Municipal, que pode ter sido, entretanto, revogado.
Um dos elementos presentes na assembleia, referia na altura que na alínea ‘a’ desse documento, estava escrito que as antenas deviam “respeitar um raio de afastamento mínimo de 150 metros de qualquer edificação destinada à permanência de pessoas, nomeadamente habitações, escolas, creches e centros de dia”.
Uma realidade que já então não era cumprida e que ainda hoje persiste, uma vez que numa distância inferior aos 150 metros exigidos existe a Associação Âncora (que lida com jovens e idosos), o infantário ‘Girassol’, bem como a escola primária.
O mesmo elemento da assembleia relembrou que ainda antes da instalação das antenas em Santa Luzia, foi pedido um parecer à delegada de saúde do concelho de Tavira sobre eventuais consequências da radiação na população. Assim, a 3 de julho de 2002, a Dra. Filomena Maurício emitiu os resultados desse mesmo parecer.
“De momento, os dados disponíveis baseados em estudos realizados sobre a matéria, não nos reportam à casualidade entre a exposição de radiações emitidas por postes de antenas de telemóveis, e o aparecimento de problemas de saúde”, revela o documento, alertando, contudo, para possíveis perigos junto dos mais novos.
“A preocupação com as crianças, faixa de população mais vulnerável, é importante e é de preservar, embora o parecer seja baseado em bom senso e não em dados científicos”, revelava a responsável clínica no documento.
Quercus explica propagação da radiação
Numa publicação de março de 2021, a Quercus (Organização Não Governamental de Ambiente) explicava como se propagavam os campos eletromagnéticos junto de antenas de telecomunicações.
“A propagação das ondas faz-se na horizontal, com uma ligeira inclinação para baixo, o que significa que a exposição às radiações atinge o seu máximo não imediatamente abaixo das torres, mas até 150 metros de distância”, valor que vai decrescendo à medida que uma pessoa se vá afastando da fonte da emissão, ou seja, da antena.
‘STOP 5G Algarve’ alerta para perigos
A chegada do 5G – 5.ª Geração de Comunicações Móveis – a Portugal levou a que fossem instalados novos equipamentos de norte a sul do país. Um conjunto de cidadãos preocupados com as consequências desta nova tecnologia, que torna as comunicações mais rápidas, criou mesmo um grupo a que chamou ‘STOP 5G Algarve’.
Este grupo de pessoas levou a cabo várias ações de sensibilização por toda a região sul, alertando para possíveis problemas de saúde criados pelos campos eletromagnéticos dos mais recentes equipamentos de difusão de sinal.
Na rede social Facebook, este grupo afirma que a tecnologia 5G aumenta de forma substancial a poluição eletromagnética artificial, o que pode provocar no ser humano um aumento do risco do cancro, danos genéticos, infertilidade, distúrbios neurológicos, entre outros problemas de saúde.
Assim, o ‘STOP 5G Algarve’ exigia mais estudos neutros sobre esta matéria, bem como regulamentos e protocolos de segurança sobre a colocação e distanciamento das antenas relativamente às populações.
- Por João Tavares
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