“Com os fundos europeus, [a obra] pode ser feita. Consideramos que é necessária e oportuna e o governo da Andaluzia vai pressionar muito o governo de Espanha para que essa obra se concretize”, disse o responsável aos jornalistas esta quarta-feira, à margem da assinatura do protocolo de Cooperação Transfronteiriça da Comunidade de Trabalho Eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia (EuroAAA).
O líder do Governo Regional da Andaluzia frisou que, nos planos estratégicos de transportes e comunicações trabalhados em conjunto com o governo central, foi colocada “como prioridade” a ligação ferroviária com Faro, via Huelva.
Esse projeto, notou o governante andaluz, permitiria “gerar sinergias” para “potenciar a EuroAAA como um dos grandes destinos turísticos do mundo, sobretudo do sul da Europa”.
Juan Manuel Moreno, que no seu discurso já tinha considerado que o caminho para a concretização, a médio e longo prazo, da ligação ferroviária Faro-Sevilha é “irrevogável”, acentuou que existe “uma atitude muito positiva” em Madrid sobre a obra, “que tem de ser traduzida, no papel, num projeto viável, com prazos e investimentos”.
Na cimeira luso-espanhola de 2020, na Guarda, a discussão sobre o prolongamento do comboio de alta velocidade até ao Algarve ficou fora da estratégia comum de desenvolvimento transfronteiriço, apesar da pressão portuguesa em sentido contrário.
Por seu turno, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, mostrou na mesma ocasião uma renovada esperança na concretização do projeto: “Já vi a situação mais difícil”, disse aos jornalistas.
“Na última cimeira, ouvi da parte da primeiro-ministro do governo do reino de Espanha outra recetividade para analisar e voltar a estudar o dossiê”, acrescentou, garantindo que a matéria “vai continuar a ser uma insistência” de Portugal, até por observar “uma eurorregião muito empenhada e a região da Andaluzia muito comprometida com este projeto”.
A assinatura do protocolo de Cooperação Transfronteiriça da Comunidade de Trabalho Eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia, que substitui os extintos acordos entre as duas regiões portuguesas e a região espanhola da Andaluzia, juntou esta quarta-feira responsáveis das três regiões em Faro.
A eurorregião está a trabalhar em três projetos estruturantes, ao nível da prevenção e combate aos incêndios florestais (CILIFO – Centro Ibérico para a Investigação e Luta contra os Incêndios Florestais), da segurança marítima (CIU3A – Centro de Investigação Universitário Alentejo-Algarve-Andaluzia) e das temáticas da cultura e criatividade (Centro Magalhães).
“Estes três projetos representam investimentos de 73,3 milhões de euros, financiados em mais de 50 milhões” com verbas do programa operacional POCTEP, sublinhou Ana Abrunhosa, enfatizando o papel da cooperação transfronteiriça para “resolver problemas em conjunto” e concretizar obras como a da nova ponte sobre o rio Guadiana, entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana, inserida no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A especialização inteligente, a conectividade, a economia do mar, a promoção conjunta, a água e a ciência foram algumas das áreas consideradas “decisivas” para o futuro das três regiões por Juan Manuel Moreno e pelos presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e do Alentejo, José Apolinário e António Ceia da Silva.
O presidente do Governo da Andaluzia prosseguiu na quinta-feira a sua agenda ao Algarve, com uma visita ao Centro Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve e à Base de Helicópteros de Serviço Permanente de Loulé, no contexto do projeto CILIFO.