A Sevenair acusou este domingo o presidente da câmara de Cascais, Carlos Carreiras, de ordenar a suspensão dos serviços do Aeródromo de Cascais à operação da linha áerea Trás-os-Montes/Algarve, visando “paralisar os voos” a partir de segunda-feira.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a empresa responsável pela ligação aérea entre Bragança, Vila Real, Viseu, Cascais e Portimão explica que “os motivos alegados para esta decisão” por parte do autarca “são uma suposta dívida de taxas de ‘handling’”, de 107 mil euros, que o grupo considera “não serem devidas” à empresa municipal Cascais Dinâmica, gestora do aeródromo Municipal de Cascais.
“A empresa foi hoje confrontada com uma situação inesperada. Um presidente de câmara, no final do seu mandato e com conflitos partidários internos, decidiu ser notícia e pedir os holofotes do escândalo, ordenando suspender os serviços de um aeródromo central à operação da linha regional, com a intenção de paralisar os voos a partir de amanhã [segunda-feira]”, adianta a Sevenair.
Fonte da empresa disse à Lusa que, apesar de haver o risco de o avião ficar retido no Aeródromo de Cascais, vai realizar o voo de segunda-feira “normalmente”, estimando aterrar em Cascais por volta as 09:00/09:10.
O grupo “lamenta profundamente esta atitude isolada e incoerente” do município, “que põe em risco a continuidade da ligação aérea, vital para as populações locais”, acrescentando que “o Governo está a par desta situação e da atitude” de Carlos Carreiras (PSD).
“A Sevenair continuará a trabalhar com as autoridades competentes para resolver este impasse e assegurar a continuidade dos serviços prestados à população portuguesa. A Sevenair reafirma o seu compromisso com a qualidade do serviço e com a conectividade das regiões que serve, e continuará a lutar pela manutenção e desenvolvimento da sua operação”, frisa o grupo.
A empresa remeteu este domingo uma exposição à Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), regulador do setor, sublinhando que, “não obstante as dificuldades financeiras que tem enfrentado e que são do conhecimento público, decorrentes dos atrasos de pagamento por parte do Governo Português, foi feito um esforço acrescido para liquidar todas as faturas pendentes relativas aos serviços prestados pela Cascais Dinâmica”.
A Sevenair indica que, “considerando todas as empresas do Grupo”, esse valor ascendia a 387 mil euros, em finais de 2024.
“No entanto, deste valor, a Sevenair requereu à Cascais Dinâmica a clarificação referente a uma taxa específica, aplicada desde 2022 na operação aérea regular. Essa taxa administrativa, aplicada a prestadores de serviços de Assistência em Escala, foi, na nossa interpretação, incorretamente aplicada à Sevenair S.A, totalizando o valor de 107.700 euros, acrescidos de IVA”, revela a empresa.
A Lusa contactou a câmara de Cascais, que remeteu esclarecimentos para a direção da Cascais Dinâmica, aguardando-se a resposta desta empresa municipal.
A Sevenair lembra que ao longo dos últimos 15 anos “tem desempenhado um papel fundamental, com um compromisso constante, em assegurar de forma fiel e confiável, as ligações aéreas entre Bragança, Vila Real, Viseu, Cascais e Portimão”.
“Durante este período, a empresa tem trabalhado arduamente para garantir não apenas a eficiência e a pontualidade dos seus voos, mas também a segurança e o conforto de todos os passageiros. A confiança depositada pela comunidade portuguesa ao longo desses anos reflete o esforço contínuo da Sevenair em contribuir para o desenvolvimento da mobilidade aérea em Portugal”, salienta o grupo.
Apesar dos “constantes constrangimentos financeiros causados pelos crónicos atrasos nos pagamentos por parte do Estado, que já levaram ao inevitável cancelamento de alguns serviços e obrigaram a empresa a entrar em ‘lay-off’”, a Sevenair garante que “tem continuado a operar e a cumprir o seu compromisso com a população portuguesa”.
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