As alterações na qualidade da água afetam o comportamento dos peixes em produções de aquacultura, influenciando o seu crescimento e bem-estar, revelou esta quinta-feira o Fish Etho Group, associação que estuda o bem-estar de animais aquáticos.
O estudo, onde participou o líder da associação e investigador da Universidade do Algarve (UAlg) João Saraiva, concluiu pela “importância de garantir parâmetros ambientais adequados para assegurar uma produção aquícola eficiente e sustentável”, informou o grupo em comunicado.
De acordo com os investigadores, os resultados destacam a necessidade de implementar “práticas que assegurem boas condições ambientais para os peixes, não só com vista à sua saúde e bem-estar, mas também para maximizar a eficiência da aquacultura”.
“Conseguimos catalogar de forma exaustiva as consequências comportamentais das principais fontes de alteração da qualidade da água”, refere João Saraiva, coautor da investigação citado na nota.
Ao mesmo tempo, adianta o líder do grupo de investigação em Etologia e Bem-estar animal do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) na Universidade do Algarve, verificou-se até que ponto não só o comportamento se altera, mas também como a “alteração nos parâmetros da água influenciam o bem-estar dos peixes”.
A revisão científica analisou diversos fatores que influenciam a produção piscícola, incluindo variáveis físicas, como a temperatura e químicas, como oxigénio dissolvido, salinidade, pH e azoto inorgânico.
“Para além dos parâmetros clássicos de qualidade da água em contexto de produção de peixes, incluímos também formas de poluição, como microplásticos e crude, que afetam produções em águas abertas”, sublinha João Saraiva.
Estas variáveis “afetam não só a fisiologia, o metabolismo e os órgãos dos peixes, mas também interferem na sua perceção sensorial, condicionando comportamentos fundamentais como a natação, a formação de cardume, a alimentação, a defesa contra predadores, a agressividade e o acasalamento, bem como os comportamentos adaptativos e relacionados com o stresse, como a exploração, a resposta de fuga e a ansiedade”.
Assim, sublinha o investigador, “foi possível elaborar um catálogo de indicadores comportamentais muito completo, que permite identificar problemas na qualidade da água, complementando a própria medição desses parâmetros”.
O Fish Etho Group é uma associação sem fins lucrativos que tem como missão estudar e melhorar o bem-estar de animais aquáticos, fazendo a ponte entre a ciência e o setor da aquacultura, aplicando o conhecimento científico, tanto na aquacultura como nas pescas.
A associação trabalha diretamente com órgãos da União Europeia, empresas internacionais e instituições de investigação.
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