O autor dos disparos contra a caravana onde viajava uma família sueca – um casal e sete filhos menores, com idades entre os 11 anos e 3 meses – é Vítor Ramalho, número três da lista do Chega nas recentes eleições autárquicas à freguesia da Póvoa de São Miguel, em Moura.
Ao Expresso, Cristina Costa, “advogada e amiga” de Vítor Ramalho, diz estar “espantada” com as notícias sobre o caso, uma vez que está em causa o crime de homicídio qualificado na forma tentada. “Se fosse de outro partido a comunicação social publicaria que ele pertencia a esse partido?”
Além de advogada, Cristina Costa liderava a lista do partido às últimas autárquicas, a mesma de Vítor Ramalho. Foram ambos eleitos pelo Chega mas ainda não tomaram posse. Sobre o caso é taxativa: “O meu cliente encontra-se com Termo de Identidade e Residência e não vai prestar declarações sobre o assunto”, diz ao Expresso.
Em janeiro, o “Diário de Notícias” publicou uma reportagem depois das eleições presidenciais após a vitória de André Ventura naquela freguesia, em que entrevistava o mesmo Vítor Ramalho, empresário agrícola e dono de uma vacaria. Tinha-se então filiado no Chega há menos de um ano.
E justificava a votação que teve o candidato do seu partido, que obteve na freguesia com 41,23 % dos votos: “Possivelmente, porque temos uma população cigana e que está a dominar. A maioria nasceu aqui mas, da maneira como se reproduzem, são muitos. Na escola [Escola B1 da Póvoa de São Miguel] devem ser uns 50 da etnia e seis ou sete dos nossos”.
Embora não tivesse nada “contra eles”, Vítor Ramalho dizia ao “Diário de Notícias” temer que o partido ali venha a ter menos votos no futuro, uma vez que a comunidade cigana vota e tem vindo a crescer na freguesia.
DETIDO E LIBERTADO
A PJ garante, em comunicado, que a contenda, que teve lugar no dia 8, foi “determinada por ódio racial”, revelando que após a discussão com o elemento do género masculino do casal, Vítor Ramalho, de 53 anos, “perseguiu a viatura onde seguiam as vítimas, executando o crime assim que se mostrou oportunidade”.
“Consumada a agressão, abandonou o local logo após a sua prática, esforçando-se por ocultar das autoridades objetos e veículos utilizados na execução do ilícito”, explica a PJ.
Em resultado do trabalho de investigação desenvolvido, viriam a ser recolhidos “relevantes elementos probatórios” que conduziram à cabal identificação de Vítor Ramalho e ditaram a emissão de mandados de detenção fora de flagrante delito.
O candidato do Chega foi detido por fortes indícios da prática do crime de homicídio qualificado na forma tentada, sendo presente a interrogatório judicial, mas acabando por ficar em liberdade.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso