Com o final do verão e o regresso à rotina, muitos começam a despedir-se das idas à praia. No entanto, antes que os dias de calor deem lugar aos primeiros ventos de outono, há um último momento de nostalgia para os que frequentam as praias: as icónicas bolas de Berlim.
Num concurso lançado pela NiT, os leitores tiveram uma semana para eleger a praia onde provaram a melhor bola de Berlim. O resultado foi claro: a Praia do Burgau conquistou 31,57% dos votos, assegurando o primeiro lugar. Logo atrás, com 20,96%, ficou a Praia de Monte Gordo, também no Algarve, enquanto a Praia da Arrábida, em Setúbal, arrecadou o terceiro lugar com 14,33% dos votos.
O sucesso desta pequena localidade algarvia deve-se, em grande parte, a um nome que já se tornou sinónimo de qualidade: OlhaaBolinha, a marca criada por André Carmo em 2008. “Estava ciente da qualidade do nosso produto e prontifiquei-me para ser o vendedor a levar as caixas para a areia”, relembra André, que na altura trabalhava como distribuidor numa fábrica que já produzia bolas de Berlim, mas que não as vendia nas praias.
Foi então que André decidiu inovar. Com a sua carrinha e um bom conhecimento da região, começou a vender diretamente na Praia do Burgau, onde rapidamente conquistou uma clientela fiel. “Como tinha carrinha própria, conseguia ir duas vezes à praia com as bolas quentinhas. Os clientes já conheciam o horário e aguardavam por mim no estacionamento para garantir a sua bolinha. Normalmente, abria as bolas no momento e recheava-as com o que escolhiam. Isso transformou-se numa tradição”, conta à NiT.
Hoje, a fama das “bolinhas do André” já ultrapassou os limites da pequena vila. Frequentadores de férias na região recomendam-nas aos novos visitantes, e nem as longas filas os desencorajam. “Destacamo-nos por estarem sempre quentes, serem pouco oleosas e serem recheadas na hora, diante do cliente”, afirma o empresário de 41 anos.
A qualidade e frescura das bolas de Berlim da OlhaaBolinha são fruto de uma receita que André aprendeu na fábrica, mas que foi adaptada ao longo dos anos. A variedade de recheios também cresceu, indo desde os clássicos, como o creme de pasteleiro, até inovações como pistácio, Ferrero Rocher, e até uma versão com medronho, uma novidade que promete fazer sucesso no próximo verão. As bolas simples ou com o tradicional creme custam 2€, enquanto os recheios especiais acrescem 50 cêntimos ao preço final.
Apesar da fama na Praia do Burgau, André tem vindo a expandir o negócio. Além das vendas diárias na praia, durante o verão estaciona uma food truck na Marina de Lagos e distribui as suas bolas de Berlim por várias pastelarias de hotéis da região. Mas, quando a temporada de verão termina, os produtos desaparecem até ao ano seguinte. “Tudo tem a sua época”, justifica André.
Durante os meses mais frios, André não abandona a restauração. Alterna entre uma food truck em Sagres, no Cabo de São Vicente, e a gestão do bar na Escola Internacional Novel, onde os clientes podem apreciar outro clássico português: a bifana. Para muitos, estas ocupações fora de época são o testemunho da versatilidade e resiliência de um empresário que começou por levar bolas de Berlim quentes para a praia e acabou por criar um negócio de sucesso.
Se ainda não provou as “melhores bolas de Berlim de Portugal”, talvez seja a altura de uma visita à Praia do Burgau. Assim que ouvir o som familiar da carrinha, é tempo de sacudir a areia e dirigir-se ao estacionamento. Depois, só precisa de tomar a decisão: “com ou sem creme?”
Leia também: Alerta europeu para o consumo deste camarão: “A ordem é para que ninguém os consuma”