A cidade de Lagos foi o cenário do primeiro Encontro de 2025 do Grupo de Trabalho “Cidades Inclusivas” da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras (RTPCE). O evento reuniu representantes de vários municípios, bem como entidades locais e regionais das áreas sociais, culturais e educativas, para debater a importância da intervenção em rede e a inclusão sem barreiras etárias. O encontro, que decorreu no Centro Cultural de Lagos, contou com três painéis e demonstrações ao vivo de projetos já implementados no concelho.
Lagos é uma cidade educadora e membro ativo da RTPCE desde 2017, integrando os grupos de trabalho “Cidades Inclusivas” e “Brincar na Cidade Educadora”.

Segundo o comunicado de imprensa enviado pela autarquia, “foi nesta qualidade que organizou o 1º Encontro de 2025 do Grupo de Trabalho ‘Cidades Inclusivas’, onde teve a oportunidade de partilhar algumas boas práticas com impacto no território, como sejam: o programa de ocupação de tempos livres ‘Viver o Verão + In’; o projeto musical intergeracional ‘Cavaquinhos’ dinamizado em contexto escolar, no âmbito das Atividades de Enriquecimento Curricular, em parceria com o Centro de Estudos de Lagos (vulgo ‘Universidade Sénior de Lagos’); assim como os projetos ‘Está do Aço’ e ‘Gatilho’, promovidos pela associação Questão Repetida, em parceria com o município, os agrupamentos escolares e IPSS locais”.
A Câmara Municipal de Almada abriu a reflexão sobre os desafios atuais do trabalho em rede, alertando que “são já muitas as redes constituídas para as diferentes áreas de intervenção, mas em que os atores são quase sempre os mesmos, carecendo, por isso, de se pensar em conjunto, integrar objetivos, articular respostas, capacitar os agentes, construir relações de confiança e, bastante importante para a eficácia da sua ação, dotá-las de legitimidade técnica e política.”

Vários municípios partilharam projetos inovadores. Vila Nova de Famalicão apresentou o seu Centro de Recursos Educativos, uma estrutura multidisciplinar para apoiar alunos com necessidades especiais. Valongo destacou o CRIS – Centro de Recursos para a Inclusão Social, focado no apoio a pessoas em situação de sem-abrigo. Torres Novas trouxe o projeto “Quokka”, direcionado para a mediação e intervenção escolar, e o Porto apresentou um programa de promoção da interculturalidade para um Porto mais inclusivo.
Uma das iniciativas de maior impacto foi apresentada por Évora, que, segundo o comunicado, destacou “o projeto ‘Velhas? Quem disse? Ainda aqui estamos!!’, uma performance inserida no Projeto Europeu CERV – ‘Age Against The Machine’, que junta em palco docentes e alunos da Escola de Artes Cénicas da Universidade de Évora e seniores ativos, mostrando o resultado de um trabalho comunitário desenvolvido ao longo de vários meses, dando visibilidade às suas histórias, aos medos e desconstruindo os preconceitos relativos ao envelhecimento”.

O Algarve também esteve representado, com Lagos a destacar “Tudo Incluído/All Inclusive”, que está a dinamizar em parceria com a ARTIS XXI, Conservatório de Artes de Lagoa e a Boia – Associação Cultural, proporcionando atividades de expressão artística e cultural por e para grupos particularmente vulneráveis, democratizando a cultura e garantindo o acesso e a fruição de atividades e bens culturais por todas as pessoas.” Loulé apresentou “ASAS – Aldeia dos Saberes e dos Afetos”, que promove em Alte um projeto de combate à solidão e isolamento, recuperando as vivências, saberes e histórias da comunidade.”
A Associação Salvador apresentou a Academia Salvador, um centro de formação para a inclusão que trabalha com entidades públicas e privadas para promover a diversidade e igualdade de oportunidades. A nota refere que “em parceria com o Município de Lagos, a Academia Salvador está a dinamizar projeto ‘In Escolas: Por Comunidades Mais Inclusivas’ nas escolas do concelho que, sendo apoiado pelo Fundo Social Europeu no âmbito do Portugal 2030, inclui a capacitação dos professores e atividades de sensibilização destinadas aos alunos, abordando o tema da deficiência e da inclusão com as crianças e jovens, em contexto de sala de aula, através de ferramentas práticas”,

O evento foi encerrado pelo presidente e pela vereadora do município anfitrião, Hugo Pereira e Sara Coelho, que agradeceram a partilha de experiências e sublinharam que “a inclusão deve estar presente e ser construída todos os dias, envolvendo escolas, famílias, associações, IPSS, outras entidades públicas, privados e auscultando os cidadãos, para garantir que as pessoas com deficiência, os membros de minorias e as pessoas oriundas de contextos socioeconómicos mais desfavorecidos tenham os mesmos direitos e acessos à educação, à cultura, ao desporto e ao trabalho, de modo a conseguirem concretizar os seus sonhos”.
O Grupo de Trabalho “Cidades Inclusivas” da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras é coordenado pelo município de Almada e integra atualmente 46 municípios portugueses, desenvolvendo atividade regular desde 2015. Tem como objetivos gerais desenvolver a reflexão sobre a temática “Cidades inclusivas”, recensear e disseminar projetos inclusivos e produzir documentos sobre políticas e práticas inclusivas em municípios comprometidos com a Carta das Cidades Educadoras.
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