O concelho de Alcoutim, no Algarve, vai voltar na sexta-feira a ter venda de imprensa escrita, ao abrigo de um acordo com a distribuidora, que deixara de abastecer o concelho devido à pandemia, disse o presidente da Câmara.
O acordo prevê que o município adquira a imprensa escrita à empresa distribuidora, a VASP, para proceder à sua venda, na Biblioteca Municipal Carlos Brito, com a condição de não haver devoluções, precisou à agência Lusa o presidente da Câmara de Alcoutim, Paulo Paulino.
“Começamos a vender jornais amanhã [sexta-feira]”, congratulou-se o autarca, que dirige um dos quatro concelhos de Portugal – com Vimioso, Freixo de Espada à Cinta e Marvão – que não tinham pontos de venda de jornais e revistas e que o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, anunciou que, a partir de novembro, passariam a ter.
Paulo Paulino esclareceu que “o ponto de venda será na Casa dos Condes, que é a Biblioteca Municipal Carlos Brito”, na vila de Alcoutim, e vai ser a Câmara a fazer a venda, embora houvesse privados que também a poderiam fazer.
“A relação comercial é entre a VASP e a Câmara municipal, a VASP fornece-nos e uma das condições é não haver devoluções de jornais. Metendo aqui uma entidade privada, a questão complicar-se-ia, por isso decidimos fazer a distribuição”, justificou.
Paulo Paulino adiantou que a “as faturas são debitadas à Câmara”, que adquire os jornais à VASP pelo preço de tabela.
“E nós temos depois um preço de venda ao público, temos uma margem nessa venda, uma margem limitada, que não sei se dá para cobrir aquilo que não se vende, mas é a forma que existe para garantir a distribuição de imprensa escrita aqui no concelho”, argumentou.
O presidente da Câmara de Alcoutim, município localizado no nordeste do distrito de Faro, na serra algarvia, frisou que o Estado garante, “neste momento, a entrega dos jornais, que era aquilo que a VASP tinha recusado há um tempo, por falta de negócio”.
O autarca assinalou que esta é uma solução “provisória”, porque ainda se vai “lançar concurso público para a distribuição de jornais” e depois a “relação será outra”, mas disse não saber por quanto tempo.
“Obviamente que [voltar a ter venda de jornais] é importante, é uma coisa que se fazia sentir a falta da imprensa escrita, porque durante o período da Covid-19 as vendas praticamente eram nulas e o resultado da atividade era negativo para a VASP, que cancelou aqui as entregas”, respondeu o presidente da Câmara de Alcoutim ao ser questionado sobre o significado do acordo que permite ao concelho voltar a ter imprensa escrita à venda.
Paulo Paulino acrescentou que “há procura, há pessoas que querem jornais e tem sido sentida essa necessidade”, sendo este um passo “vantajoso para todos, para o concelho, mas sobretudo para os utilizadores de imprensa escrita”.
O anúncio de que os quatro concelhos sem venda de imprensa escrita iriam passar a tê-la a partir de novembro foi feito pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, a 30 de outubro, na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos do Bloco de Esquerda (BE), PCP, PS, Chega e Livre sobre o Plano de Ação para a Comunicação Social anunciado pelo Governo.
“Estamos a intervir também em matérias de distribuição”, afirmou na ocasião o ministro, elencando algumas das 30 medidas do plano de apoio aos media.
O governante alertou para a “uma perigosíssima tendência” de poder haver “muitos portugueses” que não podem aceder a publicações periódicas porque elas não chegam lá”, recordando os quatro concelhos sem um único ponto para compra de jornais e revistas.
O Plano de Ação para os media contém 30 medidas e prevê o fim da publicidade da RTP em 2027.
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