Os novos donos de Vilamoura pretendem construir 1.400 unidades de alojamento em seis anos, apostar no mercado nacional e no conceito de teletrabalho, sendo a expansão da marina outro dos objetivos, disse o presidente executivo à Lusa.
Realçando que Vilamoura atravessou um período de várias administrações, vários donos e “alguma convulsão” com uma “aposta no curto e médio prazo”, o presidente executivo da Vilamoura World revelou à Lusa que pretende fazer uma aposta a “longo prazo” e desenvolver produto imobiliário, o que “ultimamente se tem feito muito pouco”.
“Achamos que Vilamoura é um destino sobejamente conhecido, muito português, onde 50% dos compradores de mobiliário e dos que habitam são portugueses. Temos como perspetiva para os próximos seis anos construir cerca de 1.200 a 1400 unidades [quartos] divididas entre residencial e hoteleiro”, revelou João Brion Sanches à Lusa, à margem da conferência ‘The Resort and Residential Hospitality Forum’ (R&R), que decorre em Vilamoura.
João Brion Sanches liderou um grupo de investidores nacionais que, apoiados num fundo do grupo inglês Arrow Global, adquiriu em maio deste ano o resort Vilamoura World (Lusotur) à norte-americana Lone Star.
O gestor assumiu existir uma “ambição grande de construção” de todo o tipo de imobiliário, desde “moradias individuais, moradias em banda, apartamentos, aparthotéis e hotéis”, e não uma aposta na venda de lotes.
O primeiro projeto deverá ser apresentado no “final deste ano, princípio do próximo”, acrescentou.
A aposta no cliente nacional, “sem esquecer o estrangeiro”, traduz-se em construção com estacionamento em cave, piscinas privadas para cada moradia e conforto térmico. No fundo, “tudo aquilo que dá conforto para uma pessoa viver numa casa e não apenas passar 15 dias de férias”, notou ainda.
A Marina de Vilamoura, uma das estruturas geridas pela empresa, será também alvo de remodelação, que, não podendo detalhar o projeto por “não estar ainda aprovado em Conselho de Administração”, propõe uma expansão e a criação de condições para que haja uma “quantidade alargadíssima” de postos de amarração para barcos grandes – de 20 a 40 metros de comprimento.
“Há muitos barcos que fazem o trajeto do Mediterrâneo para o Atlântico e regressam antes do verão e na costa portuguesa praticamente não têm onde ficar”, sustentou.
Questionado sobre os constrangimentos de ordem ambiental que limitaram a construção do projeto a cidade lacustre, João Brion Sanches afirmou que é um projeto “completamente para abandonar”, assumindo que era “desadequado” à localização e ao mercado que existe atualmente no mundo onde quem tem mais poder de compra “não quer essa densidade de construção”.
A intenção é fazer “quase o oposto”, com construções “completamente integradas na natureza, respeitando totalmente aquilo que existe”, defendeu, realçando que pretendem que a zona dos lagos seja usufruída em termos de paisagem natural, com a “mínima intervenção humana”.
“O máximo que poderemos fazer é regularizar períodos de cheias, que pode haver, com chuvas torrenciais, regular esses extremos da natureza, mas conviver completamente com o ambiente e com a natureza”, notou.
Questionado sobre as restrições que os vistos dourados (‘gold’) vão passar a ter no início de 2022, onde, no Algarve, contemplam apenas os apartamentos de regime turísticos e não residencial, lamentou a atitude do Governo.
“É pena que o Governo tenha tido esta alteração legislativa numa altura que até se justificasse quase o contrário, com um período de pandemia no qual o imobiliário e o turismo sofreram. Não se justificava (…), a nível nacional teria sido muito melhor não ter mexido nessa legislação”, lamentou
João Brion Sanches defendeu que é um segmento de mercado muito “interessante” porque procura apartamentos de 500 mil euros, mas acaba por gastar “600, 700, 800 mil euros” já que se “entusiasmam” e descobrem que é “muito mais que fazer um investimento para ter um visto”.
O presidente executivo da Vilamoura World revelou que a retoma já se sente, que o fluxo pedonal na Marina está “10% abaixo de 2019 e 20% acima de 2020”.
“Se os meses de novembro e dezembro continuarem neste ritmo, iremos ficar muito perto dos valores de 2019”, concluiu.