A Câmara de Silves quer valorizar a zona poente da cidade, junto ao rio Arade, através de um Núcleo de Desenvolvimento Turístico (NDT) que inclui a criação de 700 camas, num investimento de 50 milhões de euros.
Em declarações à Lusa, a presidente da autarquia, Rosa Palma, afirmou que o projeto, cujo Plano de Pormenor está em elaboração, pretende “beneficiar e requalificar uma zona importante para o concelho”, dando, ao mesmo tempo, “resposta em termos de desenvolvimento turístico”.
A ocupação das 700 camas atribuídas ao município de Silves para a Unidade Territorial Litoral Sul e Barrocal pelo Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) do Algarve foi adjudicada em 2016, através de concurso público, à Feitoria Fenícia, a única empresa candidata.
Em 2019 teve início o processo para a elaboração do Plano de Pormenor da Feitoria Fenícia, procedimento cujo prazo foi prolongado até 21 de novembro deste ano.
A presidente da Câmara de Silves (CDU) justifica a implementação das novas camas turísticas no concelho “com a necessidade de requalificar uma zona nobre da cidade e de aumentar a diversidade da oferta turística qualificada do município”.
Contudo, ressalva, o desenvolvimento turístico “não pode nem deve ser feito a qualquer custo, mas através de uma intervenção enquadrada e com sustentabilidade”.
“Consideramos fundamental haver esta resposta turística, mas tem de ser enquadrada e ter sustentabilidade para não criarmos ali uma situação que, no momento, resulta, mas que depois não tem sustentabilidade, como acontece com algumas obras deste género em concelhos vizinhos”, apontou.
Segundo Rosa Palma, o Plano de Pormenor (PP) do projeto a desenvolver junto ao rio Arade, a poente da cidade, “está sujeito ainda a apreciação e aprovação de entidades externas, para que seja reavaliado e se se adequa aquele local ou não”.
A autarca adianta que a requalificação de uma zona nobre da cidade, com a valorização dos recursos e com uma oferta turística qualificada, “resulta de uma necessidade constatada para o concelho”, dado que os municípios limítrofes têm este género de equipamentos nas cidades.
“Estávamos a ficar um pouco para trás e penso que será fulcral e permitirá um forte desenvolvimento em termos económicos. No entanto, reforço que esse desenvolvimento tem de ser moderado e sustentável, dentro do que é o enquadramento local naquele espaço em específico”, sublinhou.
Para Rosa Palma, o núcleo turístico “é um projeto de reduzida sazonalidade, ao integrar uma parte de sustentabilidade e interpretação ambiental, uma zona pedonal junto do rio, dando uma resposta em termos turísticos para uma zona importante da cidade”.
“Pretende-se um empreendimento que respeite os valores naturais e os valores ecológicos, assegurando o respeito pela fauna e flora locais e explorando as oportunidades decorrentes da localização da propriedade no contexto município”, concluiu.
O projeto concebido pela Feitoria Fenícia, Investimentos Agropecuários e Turísticos, está estimado em cerca de 50 milhões de euros, abrangendo áreas classificadas como Sítio de Importância Comunitária Arade/Odelouca, como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN).
Na minuta do contrato para a elaboração do plano, a que a Lusa teve acesso, lê-se que a Câmara de Silves pretende que o mesmo concretize opções estratégicas, entre as quais “um empreendimento turístico estruturante que funcione como âncora para o desenvolvimento económico da cidade e que complete o eixo principal de desenvolvimento (turismo de sol e praia), capaz de enquadrar o turismo cultural, de natureza, o turismo de golfe e o turismo desportivo”.
A autarca adiantou que o Plano de Pormenor da Feitoria Fenícia será depois avaliado pelos serviços autárquicos “e estará sempre sujeito a reavaliação pelas entidades externa, nomeadamente as regionais, para saber se o que é apresentado se adequa ao local”.