No aeroporto de Faro, o último fim de semana (23 e 24 de outubro) “foi o melhor, no número de pessoas desembarcadas, desde 2020, quando começou a pandemia”, adianta ao Expresso, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve. Aterraram 215 voos, que deixaram mais de 30 mil passageiros.
Mas o otimismo é contido.
Mais uma vez, “houve constrangimentos no controlo de passaportes”, lamenta. Por outras palavras: houve períodos em que se formaram longas filas em frente às boxes dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Com os turistas a serem obrigados a demorados tempos de espera, sem qualquer distanciamento, num espaço fechado. A situação já acontecera no fim de semana anterior (15 e 16 de outubro).
O problema é “a crónica falta de inspetores do SEF na região”, reconhece João Fernandes, que alerta para a necessidade de um reforço de meios antes da retoma em força do turismo mundial, prevista para a Primavera de 2022.
No entanto, o responsável teme que, depois de a Assembleia da República ter aprovado a extinção do serviço, apenas no passado dia 22, o processo de transferência das competências do SEF para PSP e GNR se prolongue “até muito próximo dessa altura”. A (anunciada) dissolução da AR e queda do Governo também pode atrasar o processo.
“Todos os indicadores apontam para que, a partir de março ou abril do próximo ano, haja um forte aumento da atividade turística. Se este problema está a acontecer numa época considerada ‘baixa’, não vai haver meios técnicos e humanos suficientes no aeroporto de Faro para responder às necessidades dos próximos meses”, reforça João Fernandes.
A falta de inspetores do SEF no Algarve tornou-se mais evidente depois do Brexit, quando os britânicos (que representam mais de 40% dos turistas que chegam ao Algarve de avião) passaram a ter de apresentar o passaporte para entrar em Portugal.
A atual necessidade de verificar os certificados digitais ou testes de Covid-19 aumentou o tempo que demora para cada passageiro a ‘passar a fronteira’. Quando chegam vários voos em curtos períodos, as filas tornam-se inevitáveis.
Para ultrapassar os efeitos do Brexit, foram colocados nos aeroportos nacionais eGates (portas eletrónicas de verificação de passaportes) mas estes, pelo menos em Faro, “ainda não estão a funcionar”, garante João Fernandes.
Já no verão de 2020 se tinham verificado problemas semelhantes nas chegadas do aeroporto algarvio. Na altura, a solução passou pela colocação, no apoio aos funcionários do SEF, de estagiários de um curso de inspetores. Entretanto, terminaram o estágio. Agora, João Fernandes espera que pelo menos parte dos formados do último curso do SEF, que está a terminar, sejam destinados a Faro.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso