Os empresários da restauração na Marina de Vilamoura ainda não sentiram a chegada dos turistas britânicos à região, depois da inclusão de Portugal na ‘lista verde’ de destinos seguros, mas anteveem um aumento a partir de junho.
Considerada uma das zonas mais procuradas pelos turistas ingleses no Algarve, a sua presença ainda não é muito sentida nas ruas da Marina de Vilamoura (Loulé) e nos vários restaurantes e bares, como constatou a Lusa no local, ao final da manhã de hoje, mas a expectativa dos empresários é de um aumento nas próximas semanas.
“Sente-se uma pequena subida ligeira, mas esperamos que não haja entraves administrativos por parte dos governos para a circulação de pessoas na Europa”, afirmou à Lusa João Guerreiro, proprietário de seis estabelecimentos naquela marina.
O também presidente da Associação Empresarial de Quarteira e Vilamoura revela que os associados estão a abrir os estabelecimentos a pouco e pouco, já que, não havendo ainda uma procura expressiva, não se pode promover uma abertura em pleno, correndo o risco de não haver receita para fazer face às despesas.
As reservas existentes nos hotéis da região geram uma perspetiva “interessante” para a restauração, numa indicação de que “tudo parece correr bem”, permitindo gerir as “reaberturas de uma forma generalizada” e prevendo que “no início de junho toda a gente estará apta para receber os muitos turistas que venham procurar o Algarve”.
Em 07 de maio o Governo britânico anunciou a inclusão, a partir de 17 de maio, de Portugal na ‘lista verde’ de países considerados seguros e, na passada sexta-feira, o executivo português anunciou que as viagens não essenciais de e para o Reino Unido seriam permitidas também a partir da última segunda-feira, bastando apresentar um teste negativo para a covid-19 realizado nas 72 horas anteriores.
À Lusa, os turistas que passeavam na mais antiga marina do distrito de Faro revelaram satisfação pela escolha do destino para umas muito desejadas férias, havendo mesmo quem opte por ficar por alguns meses ou quem confesse ter optado por se mudar definitivamente para a região.
Numa manhã onde o habitual sol algarvio se faz sentir levando o termómetro aos 30º graus centígrados, alguns turistas aproveitam para gozar o bom tempo, razão pela qual escolheram Portugal para escapar ao sombrio clima inglês, o que fizeram assim que lhes foi possível.
“Agradecemos a Portugal por nos ter deixado entrar. Havia algumas questões com a União Europeia, mas apreciamos o facto de deixarem os britânicos entrarem”, gracejou Richard Smith.
O britânico faz parte de um grupo de nove turistas que se viram obrigados a remarcar uma viagem para jogar golfe, relatando os “dias de stress” antes de embarcarem, que envolveram a realização de testes PCR, sendo que só descansaram quando receberam os resultados.
A necessária testagem de regresso é algo que os preocupa, já que ainda não encontraram quem faça o “teste antigénio”, manifestando que gostariam de ver mais “envolvimento com os hotéis” para que os turistas possam ser testados de forma “mais organizada”, e não três horas antes de embarcarem no avião.
A segurança que sentem no Algarve é algo que destacam e que “lhes dá confiança”, já que as pessoas usam as máscaras “nos elevadores” e nas áreas comuns, retirando-as “apenas à refeição”.
A vontade de sair de férias para um local mais soalheiro é manifestada também por outro britânico que se passeia na marina e que, assim que pôde, se fez à estrada e rumou ao Algarve, com passagem pelo Porto e Lisboa, sempre com reservas de última hora.
“Precisávamos de escapar de Inglaterra, estivemos fechados durante muito tempo. Metemo-nos no carro e conduzimos. Fizemos as reservas durante a viagem”, explicou Ross Taylor.
O turista assume que pretende ficar “alguns meses” para “aproveitar o sol”, mas também porque a chamada nova realidade criada pela pandemia de covid-19 o coloca em “trabalho remoto”, que pode ser feito “em qualquer parte do mundo”.
Se, por um lado, a restauração e hotelaria podem contar com as reservas para terem uma noção dos eventuais clientes, os bares contam apenas com as perspetivas de chegada para antever um aumento da procura, que esperam esteja para breve.
“Ainda nada mostra algo de diferente. Que vai acontecer, com certeza que vai acontecer, mas neste momento ainda não se nota nada. Imagino que na próxima semana se notem melhorias”, avança Joe Ramos, proprietário de um bar na marina.
O empresário revela que os clientes têm alguma “dificuldade em perceber” que o estabelecimento encerra às 22:30, horário que assegura ser cumprido, “assim todas as regras de higienização”, mas defende que o horário deveria ser alargado “pelo menos até à meia-noite”.
Christina Edwards, que aproveita o calor da manhã para passear a filha de quatro meses, contou à Lusa que há poucas semanas se mudou para a região, estando a vender a casa em Inglaterra, tendo optado por estabelecer a família na região, local onde o marido pode treinar com mais liberdade.
“Falámos muito em sair durante o confinamento em Inglaterra. Eu sou sueca, ele inglês, pugilista profissional, e precisava de um local para treinar, sendo que é também um local bom para a nossa filha crescer”, adianta.
O clima e a possibilidade de “treinar ao ar livre” pesaram na decisão da mudança, assim como as “paisagens da região” que defende serem “positivas para a saúde mental”.