O presidente da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) afirmou que o setor “está a viver um momento crítico”, porque não está a encontrar forma de resolver os problemas com a subida dos custos.
“O que está a acontecer é um momento crítico, porque o setor não está a conseguir resolver até agora os problemas que estão a advir com a subida dos custos”, referiu esta sexta-feira Pedro Polónio, em Albufeira.
Em declarações à Lusa à margem do 20.º congresso da Antram, que ontem teve início em Albufeira, o responsável apontou a necessidade de ser feito “um trabalho imenso para a sobrevivência do setor para suportar os custos dos combustíveis e outros que se perspetivam para o próximo ano”.
“No imediato e de uma forma mais urgente, é como é que vamos fazer estas empresas sobreviverem. Há aqui a questão estrutural que é o preço do transporte e que vai ter de ser alterado e repercutido no mercado”, apontou.
Pedro Polónio considerou os apoios anunciados pelo Governo para o setor dos transportes de mercadorias como “ajudas importantes”, mas adiantou que “não vão resolver os problemas das empresas”.
“Será um tema que amanhã [sábado] estará em discussão no congresso, um tema que se espera quente porque há muito desespero nos transportadores”, sublinhou.
O dirigente da associação que representa duas mil empresas acentuou que o setor “está de facto a viver uma situação muito crítica, e as empresas da maneira que estão não podem continuar, porque muitas correm o risco de desaparecer”.
Pedro Polónio acrescentou que a agravar a tesouraria das empresas com o aumento do preço dos combustíveis “junta-se agora a incerteza com o chumbo do Orçamento do Estado, sobre se se irão manter, nos mesmos termos, as medidas apresentadas pelo Governo”.
“Há questões de alteração de lei e pode haver também aí questões importantes a esse nível. A não presença do senhor ministro [Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação] na abertura do congresso também não veio clarificar isso”, frisou.
Pedro Polónio disse esperar que a ausência do ministro “tenha sido por meros problemas de agenda e não mais do que isso”, adiantando que as negociações com o Governo “não estão fechadas, uma vez que a Antram tem mais algumas medidas para apresentar”.
“São medidas diminutas, porque nada disto resolve um problema de um camião que gasta hoje mais 500 euros por mês para fazer os mesmos quilómetros que fazia há um mês. As empresas não ganham 500 euros por cada camião”, avançou.
Além do preço do gasóleo, Pedro Polónio apontou o aumento “brutal de custos” que as empresas enfrentam, “designadamente o líquido AdBlue, que duplicou de preço nos últimos dois meses, os seguros, os aumentos salariais e o anunciado aumento das portagens”.
“Perante isto, só há uma forma: ajustar os preços e refletir isto para os clientes que, por sua vez, os irão refletir nos consumidores”, assegurou.
Na mensagem dirigida aos congressistas na sessão de abertura, Pedro Polónio disse acreditar que “as empresas vão sair de Albufeira mais fortes e conscientes do estado em que em se encontram, mas com soluções para revitalizar o setor”.