No primeiro fim-de-semana de portas abertas ao público desde meados de janeiro, os centros comerciais esperam um pico de procura e filas, exatamente como aconteceu no inicio da semana quando tiveram ordem para reabrir, de acordo com as regras de segurança definidas para o combate à pandemia de covid-19. “E ter de fechar às 13h não ajuda a aliviar a pressão da procura” , sublinha Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED – Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, à espera de ver as autoridades aliviarem esta regra já em maio.
De qualquer forma, “tudo está preparado para garantir segurança aos consumidores e às equipas de trabalhadores” diz o responsável da APED, recordando que “até a contagem das pessoas é feita automaticamente em todos os centros comerciais do país”, o que significa que os visitantes podem não dar conta, mas estão a ser contados quando entram num destes espaços e, sendo atingido o limite legal definido as portas fecham, exatamente como já aconteceu no início da semana em Lisboa e no Porto.
Do lado da APCC – Associação Portuguesa de Centros Comerciais, o diretor executivo Rodrigo Moita de Deus, alinha na mesma previsão, assegurando que “estão já previstas medidas de reforço no que respeita a vigilância e limpeza extra” para o fim-de-semana.
Ainda sem números sobre o consumo nesta primeira semana, a APCC tem indicação de que os cinemas registaram maior afluência na segunda-feira 19 de abril do que no mesmo dia de 2019 (antes da pandemia) e, citando os seus associados, refere “algumas alterações da procura no que respeita a zonas e horários”.
PROCURA DÁ SINAIS DE MUDANÇA
“Estamos a falar de uma deslocação da procura para os centros comerciais localizados em zonas urbanas, em detrimento dos que ficam mais próximos de escritórios, talvez devido ao impacto do teletrabalho, mas também de uma mudança na hora das visitas que são agora mais diurnas”, comenta.
Na APED, uma ronda por insignias de moda nacionais e internacionais suas associadas. permitiu já concluir que as vendas na segunda e terça-feira ultrapassaram em 50% o registo para o mesmo período de 2019, considerando a mesma base da oferta. E isto surge em linha com o “pico de vendas” registado quando o retalho alimentar pode abrir a área têxtil, “muito especial no segmento infantil”, precisa Gonçalo Lobo Xavier, sem esquecer que tudo isto aconteceu “na fase final do mês, quando os orçamentos das famílias estão mais limitados”.
Desde quarta-feira, o movimento abrandou. mas considerando que os salários começaram a ser pagos e muitos consumidores, devido aos seus horários de trabalho, têm de organizar-se para fazer compras ao fim-de-semana, a APED antecipa um novo pico este fim-de-semana, “a justificar o investimento feito na formação para garantir todas as condições de segurança”.
A associação lamenta que continue em vigor o rácio de 5 pessoas por m2 dentro das lojas, “o que acaba por traduzir-se em filas maiores no exterior, onde as condições de segurança e distanciamento são mais difíceis de controlar”. “É um quadro que conjugado com as restrições de horários levanta problemas de maior complexidade e traz constrangimentos às operações”, sustenta.
E entre o primeiro e segundo desconfinamento o que mudou? “Os lojistas têm referido que as pessoas estão mais ansiosas, menos atentas aos protocolos de segurança, o que exige atenção redobrada do lado dos operadores dos centros comerciais e das próprias insígnias comerciais”, diz.
Até ao momento, apenas a Reduniq, rede de aceitação de cartões de pagamento da Unicre, apresentou dados gerais sobre a tradução da corrida aos centros comerciais em negócio, apontando para um crescimento de 124% esta segunda-feira face à segunda-feira anterior (12 de abril), em que a maioria das lojas ainda estava encerrada, e para um salto de 25% relativamente à média registada nas segundas-feiras de abril de 2019, em período pré-covid.
Por categorias, a Reduniq refere subidas de 116% nos artigos desportivos,. 84% nas perfumarias, 79% nas sapatarias, 35% no pronto a vestir e 20% nas ourivesarias. Já a restauração viu a faturação cair 7% face a 2019, um desempenho que Tiago Ooom, diretor da Reduniq atribiu “as limitações do numero de pessoas nestes estabelecimento”.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso