Loulé está na mira dos investidores da área das grades superfícies comerciais e não é de agora, mas o que é facto é que neste momento os empreendimentos começaram a chegar às fases de discussão pública e a sociedade civil pretende, pelo menos em parte, discutir até à última consequência a instalação dos gigantes comerciais no concelho e os respectivos impactes, nomeadamente ambientais e económicos, sobretudo, no tecido comercial local.
Depois do IKEA ter gerado recentemente reacções da Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) e da Quercus, com posições negativas expressas durante a consulta pública à avaliação de impacte ambiental (AIA), a que se juntou a posição também negativa da Almargem, chega a vez de entrar em discussão pública o projecto Alma Plaza, integrado pelo Apolónia, um conhecido grupo de supermercados da região.
À semelhança do IKEA previsto parcialmente para a freguesia de Almancil, o Alma Plaza Lifestyle Center, quer instalar-se também em Almancil na zona junto ao Kartódromo local, na saída da localidade em direcção às Quatro-estradas de Loulé.
Num investimento de 49 milhões de euros previsto pelo promotor, o novo gigante do comércio integrará um supermercado Apolónia, terá 5,5 hectares de área total, mais de 21 mil metros quadrados de área de implantação e 17 mil metros quadrados de área bruta locável, destinada às lojas.
Os promotores dizem que a construção do Alma Plaza criará 100 postos de trabalho directos e 250 indirectos e que, a funcionar, o novo centro comercial gerará 505 postos de trabalho directos e 210 indirectos, dados revelados no estudo de impacte ambiental (EIA) remetido à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR) para o processo de AIA, cuja consulta pública decorre até 2 de Julho.
Em termos de impacte ambiental o problema maior do Alma Plaza está na existência de 176 sobreiros no terreno onde se prevê venha a nascer o projecto, uma espécie protegida.
ACRAL contra
Ao POSTAL Victor Guerreiro, presidente da ACRAL, manifestou-se “contra” o projecto do Alma Plaza.
O dirigente associativo refere que a associação está “ainda a analisar o EIA que os promotores remeteram à CCDR” e que “sobre as questões ambientais vamos pronunciar-nos logo que a análise dos documentos e os contactos com parceiros da ACRAL na área do ambiente estejam concluídos”, mas realça que “sobre os impactes negativos no comércio local de Almancil e das zonas limítrofes não há dúvidas de que serão necessariamente negativos”.
“A ACRAL não pode por isso apoiar um projecto que terá um efeito nefasto naqueles que são os seus associados e em geral o sector do comércio e serviços”, conclui Victor Guerreiro, acrescentando que “a região não suporta mais investimentos na área das grandes superfícies comerciais, sobretudo quando localizados, como é o caso, a curtas distâncias de projectos já existentes ou previstos da mesma natureza”.
Câmara de Loulé manda fazer estudo
Entretanto o presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, determinou a encomenda à universidade do Algarve de um estudo “em que se possa de certa maneira antecipar o impacto na economia local da abertura de mais centros comerciais”, disse em declarações à Agência Lusa.
“Quando cheguei à Câmara de Loulé tinha vários processos já em andamento com alguns passos administrativos já concluídos e recentemente tenho recebido mais propostas”, afirmou o autarca que não esconde a “convicção” de que o concelho não tem capacidade para tantos centros comerciais de grande dimensão.
O autarca disse que o estudo poderá estar concluído dentro de pouco mais de três meses e mesmo que não vá ter impacto na construção dos projectos que se encontram em fases de aprovação mais avançada, terá impacto em propostas futuras.
Isto não obstante ser à autarquia que cabe a última palavra no licenciamento de estruturas como o IKEA ou o Alma Plaza e do facto dos respectivos licenciamentos não estarem ainda fechados.
(com Agência Lusa)