Outubro está a ser um mês positivo para o Algarve na recuperação dos turistas externos de mercados com maior volume, em particular nesta última semana marcada pelo período intercalar de férias escolares no Reino Unido e também na Alemanha.
“Tivemos 215 voos a chegar ao aeroporto de Faro no último fim de semana, com mais de 30 mil passageiros desembarcados, e 41% provenientes do Reino Unido, o que é o maior número verificado no Algarve desde o início de 2020”, adianta João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA).
“São sinais claros de retoma dos nossos mercados externos mais tradicionais, em particular dos britânicos”, constata o responsável do Turismo do Algarve.
Numa altura em que caíram muitas das restrições de viagens associadas à covid-19, as famílias britânicas estão a voltar ao Algarve num “verão tardio, em que estamos com temperaturas muito boas”. E ao efeito do ‘half term break’ no Reino Unido (férias a meio do período letivo na última semana de outubro), “junta-se uma época de golfe que está a correr muitíssimo bem”, enfatiza João Fernandes.
“Desde meados de setembro até final de novembro, as perspetivas são de ter a maioria dos 40 campos da região praticamente cheios”, salienta o presidente da RTA, lembrando que o impacto se deve sobretudo aos “mercados do Reino Unido e Irlanda, que representam 73% das voltas no Algarve, e até aqui têm estado deficitários”.
O responsável do Turismo do Algarve destaca que nesta altura “os hotéis estão com ocupações elevadas” verificando-se dois fenómenos: “está a haver um ‘rebooking’ de reservas que tinham sido adiadas, e também se notam muitas reservas de ‘last minute’. Temos o caso de um hoteleiro que ia fechar o hotel, e acabou por decidir estender a época com as reservas de última hora”.
As perspetivas mantêm-se positivas para novembro, com o Algarve a acolher no próximo mês dois eventos de peso para o turismo: o Grande Prémio Moto GP (dia 7), e o torneio de golfe Portugal Masters (de 4 a 7).
“Pela recuperação dos mercados externos, sente-se que estamos a aproximar-nos do que seria um ano normal, mas ainda longe de 2019, em que o aeroporto de Faro movimentava um milhão de passageiros no mês de outubro”, faz notar o presidente da Região de Turismo do Algarve.
Face ao momento positivo que a região vive com a retoma do mercado britânico, “temos agora alguma apreensão em relação ao futuro sobre a evolução da nova variante de covid, e esperamos que não cause novas restrições às viagens”, refere João Fernandes, enfatizando estar a haver “uma discussão interna no Reino Unido sobre a necessidade de voltar a impor algumas restrições”.
MAIS DE 40% DOS HOTÉIS DO ALGARVE FECHADOS NO PRÓXIMO INVERNO
Segundo o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, está-se “de facto a assistir a um aumento de procura em relação ao ano anterior, mas ainda longe dos números que eram habituais para esta época”.
No caso dos hotéis Vila Galé, “podemos confirmar que já existe algum movimento de turistas britânicos no Algarve e que são o principal mercado estrangeiro, mas se compararmos com os dados de 2019, ainda estão 50% abaixo em numero de dormidas”, adianta Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo hoteleiro.
“O aumento que existe é real, mas tem de ser visto na perspetiva da situação desesperada em que estamos há dois anos no Algarve, com uma gestão deficitária”, reitera o presidente da AHETA, defendendo que “estes aumentos de procura relativos não são suficientes para as empresas serem rentáveis e não devem criar a ilusão do sucesso e de que a crise acabou”.
O responsável da associação hoteleira frisa que no Algarve “10% dos hotéis não abriram sequer durante o verão (no ano passado foram mais de 20%), e agora pelo menos 40% irão encerrar para a estação baixa”.
“A recuperação turística nunca aconteceu de um dia para o outro, e a ideia de que pode ocorrer com um estalar de dedos não se vai verificar”, sublinha Elidérico Viegas. “As previsões de algumas entidades importantes, designadamente a associação de aeroportos europeus (ACI Europa) indicam que só em 2025 se espera uma recuperação de passageiros aos valores que havia em 2019”.
Elidérico Viegas lembra ainda que “60% do negócio do Algarve era feito através de operadores turísticos, que foram muito abalados com esta crise, e recuperar o circuito de negociações ou transferir este volume para outros canais de comercialização, tudo isto demora tempo”.
“Se tudo correr bem em termos de pandemia, vamos começar a recuperar o turismo no Algarve de forma satisfatória a seguir à Páscoa de 2022”, conclui o presidente da AHETA.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso