O ano de 1918 foi um ano repleto de acontecimentos marcantes para a Humanidade. Foi marcado pela gripe espanhola (pneumónica). No mês de novembro, desse mesmo ano, dá-se o fim da Primeira Guerra Mundial, e no Algarve, em setembro tinha sido inaugurado o Sanatório Carlos Vasconcelos Porto, em São Brás de Alportel, estabelecido na região para cuidar dos funcionários dos Caminhos de Ferro Portugueses que padeciam de tuberculose.
A cultura é o conjunto de formas e expressões que caracterizarão no tempo uma sociedade determinada
Neste que é o Ano Europeu do Património Cultural, em regra é o património monumental que é imediatamente aludido em momentos celebrativos, todavia, a história e a cultura de um povo é constituída por várias dimensões:
1) que decorrem frequentemente de acontecimentos mais ou menos globais, por vezes, catastróficos e responsáveis por mudanças profundas nos locais e na sua forma de organização;
2) que resultam de uma evolução científica ou tecnológica, que vem possibilitar o desenvolvimento de novas respostas à sociedade e aos seus problemas;
3) ou que até podem decorrer de personalidades ou novos equipamentos, e infraestruturas que originam propostas de inovação com vista à construção de um novo futuro.
Este discurso aparentemente inusitado está na base da cooperação que se estabeleceu e desenvolveu entre a saúde e a cultura e que está na origem de um protocolo que se firmou, no dia 29 de março de 2018, e que tem associado um ciclo de conferências e uma exposição em que se procura:
– Evocar o Centenário do fim da I Guerra Mundial;
– Celebrar o Centenário da inauguração do Sanatório de São Brás de Alportel;
– Dar a conhecer os efeitos da Pneumónica que há 100 anos também nos afectou de forma profunda.
Uma parceria que pretende evocar, não celebrar, estes acontecimentos transpondo-os para a atualidade, como forma de aprendizagem, acreditando que aprender com o passado para pensar o presente e construir o futuro é o que a história nos lega.
A investigação desenvolvida a partir da documentação de arquivo, os espólios de objetos associados à prática da medicina, mas também o estudo da arquitetura associado aos novos equipamentos hospitalares reúnem uma vasta informação que importa dar a conhecer de forma mais alargada.
Decorridos 100 anos parece-nos, assim, que sob a égide do centenário vale a pena repensar o que se aprendeu com estes acontecimentos que marcaram a História, quer a nível mundial, quer a nível regional, quais as marcas que a História nos deixou e se refletem na forma como vivemos o presente.
Sem a história e o maior conhecimento dos factos passados ser-nos-á difícil perceber onde nos encontramos hoje e como chegámos até aqui.
Uma abordagem colectiva e sistémica da cultura exige-nos um trabalho contínuo de abertura e integração de novas preocupações e temáticas na nossa ação.
A actividade da Direção Regional de Cultura do Algarve ganha assim uma dinâmica reforçada na sua extensão cultural e um olhar alargado sobre outros domínios de actividade que interessam a toda a sociedade civil.
Do alargado leque de convidados, destacam-se a participação em abril de Francisco George, em maio de Paulo Providência, em setembro de Fernando Rosas e em novembro de Vilhena Mesquita, entre outros.
Esperamos assim que este ciclo seja um primeiro passo para outras iniciativas futuras!
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de Abril)