João Faísca, professor de Ciências e Matemática, e Pedro Barroso, biólogo, decidiram abandonar as suas profissões em prol de uma paixão de longa data: a música.
O sonho tem vindo a ser concretizado aos poucos e, recentemente, a dupla empenhou-se na formação de uma nova banda no panorama musical algarvio, os Plasticine.
“Eu e o Pedro já tínhamos temas individuais e pensámos juntá-los para formar uma banda, sendo que a apresentação oficial dos primeiros esboços de músicas aconteceu no verão de 2017”, começou por explicar João Faísca em entrevista ao POSTAL.
O músico é peremptório: “apesar das coisas não terem sido feitas propositadamente para isto nem ter havido um foco com o objetivo de fazermos músicas para uma banda, o resultado desta junção é francamente positivo”.
Banda Plasticine apresenta uma estrutura singular
A banda Plasticine apresenta uma estrutura singular, uma vez que se carateriza pela rotatividade dos vários elementos que a compõem. A ideia inicial partiu de João Faísca e Pedro Barroso, no entanto, cada concerto apresenta, frequentemente, um número diferente de elementos.
Pedro Barroso, de 41 anos, disse ao POSTAL que “o primeiro concerto feito a 30 de março de 2018 contou com 13 elementos. Não eram necessariamente todos em todas as músicas”, acrescentando que “nos últimos concertos já tocámos com cerca de nove/dez elementos”.
“O número de elementos é variável até pela questão de sermos muitos e de ser um projeto relativamente recente, o que faz com que não seja muito fácil estarem todos disponíveis para o mesmo concerto”, acrescenta.
Segundo os músicos, a banda é uma mistura de estilos: “no fundo aquilo que nos sai da inspiração acaba por estrar sempre um bocadinho mais ligado à fusão, à música do mundo e a coisas um bocadinho relacionadas com o soft jazz/cool jazz”.
João Faísca diz ainda que é “fácil encontrar outras referências nas músicas. Às vezes pode encontrar-se um bocadinho de rock, soul ou afro beat, por exemplo”.
Em termos musicais contam que se inspiram na banda Snarky Puppy. “Começámos a ouvir esta banda ao mesmo tempo e seguimos um pouco o percurso deles, que tem um pouco este funcionamento, pois é uma banda com muita gente, onde os elementos também acabam por ser rotativos”, afirmam.
Os músicos destacam que “acaba por ser uma mistura muito interessante de estilos”, sendo que “é muito curioso termos conseguido juntar estas músicas e integrá-las num disco sem que tenha existido um fio condutor inicial”. O primeiro disco dos Plasticine saiu em setembro de 2019. “Nós estamos agora a trabalhar em músicas novas e já tínhamos inclusivamente três músicas que não ficaram gravadas e que vão integrar um segundo disco”, revelam.
Os artistas avançam que “a ideia é fazer um novo CD dentro de um ano e meio e também ir lançando músicas, algumas delas só nas plataformas digitais”.
As músicas já estão disponíveis no Spotify, Itunes Music, Amazon, Youtube, entre outras.
João Faísca e Pedro Barroso deixaram as suas profissões em prol da música
João Faísca e Pedro Barroso sempre tiveram uma grande paixão em comum: a música. Os artistas decidiram, inclusivamente, deixar as suas profissões para se dedicarem inteiramente à música.
João Faísca era professor de Matemática e Ciências dos 5º e 6º anos. Ao POSTAL confessou que “no início existiu um período em que achava que tinha um papel social mais relevante no ensino”.
“Eu sinto um pouco falta disso, mas por outro lado a parte burocrática do ensino tornava a profissão bastante desgastante para aquilo que é a principal tarefa de um professor”, assegura.
O ex-professor diz que “enquanto músico tem um controlo de tempo que não tinha como professor. É uma comparação um pouco injusta porque dentro da sala de aula queremos que os alunos aprendam, enquanto que nos concertos o objetivo é que as pessoas se divirtam”.
João Faísca confessou ao POSTAL que a música é algo “que lhe dá imenso prazer porque consegue fazer-nos sentir determinadas emoções mesmo sem estar a vivenciar certas situações” e que “acaba por ser um prazer tocar”.
“Não sei explicar porque é que é, mas sempre foi e com o tempo acabou por surgir a oportunidade de tornar isto numa profissão, o que é perfeito porque permite aliar o gosto e a profissão”, explica.
Por sua vez, Pedro Barroso, biólogo de formação, conta que “a música também é algo verdadeiramente importante e que vem desde pequenino”.
“Desde pequeno que ando a bater tambores e a partir coisas. Era, sem dúvida, um grande baterista já aos três anos”, recorda, entre risos.
Pedro Barroso explicou ao nosso jornal que decidiu afastar-se da profissão de biólogo porque “trabalhar na ciência tem sido muito complicado” e “as carreiras não são nada fáceis”.
Os artistas trabalham essencialmente no turismo, casamentos, bares e eventos privados e já tiveram inclusivamente um duo.
Nome da banda carateriza a dinâmica do grupo
Os músicos confessaram ao POSTAL que o nome Plasticine relaciona- se com a elasticidade dos músicos, com a própria rotatividade e também com o facto de a banda não ter um formato fixo e um estilo claramente definido.
“O nome do projeto é ele próprio um reflexo do conceito da banda, isto é, uma formação que se permite maleável e onde a rotatividade dos músicos é em si uma caraterística da banda, permitindo que cada um dê o seu cunho pessoal e emoção à interpretação dos temas, tornando cada concerto único”, complementaram.
Os músicos confessaram ao POSTAL que a aceitação do público tem sido bastante positiva: “nós já fizemos cerca de 12/13 concertos neste ano e meio e é muito bom perceber que já existem muitas pessoas que conhecem as nossas músicas”.
Quanto a perspetivas futuras, os artistas dizem que “gostavam de participar em alguns festivais para já a nível nacional e eventualmente a nível internacional”.
“Este ano já temos bastantes contactos iniciados, como por exemplo, com o MED, que ficou como uma possibilidade muito forte devido ao concerto de apresentação do álbum se ter realizado em Loulé”, revelam.
Os músicos também confidenciaram ao POSTAL que “existem muitos projetos em aberto para este novo ano 2020”.
Os temas originais da banda já foram várias vezes apresentados ao vivo, nomeadamente, em concertos na Re-Criativa República de Olhão, Mar Festival em Lagos e Lac também em Lagos.
A banda venceu ainda o concurso de bandas organizado pelo Marginália Bar, em Portimão, a 29 de março de 2019.
Os músicos destacam que “este desafio está a ser muito interessante e é realmente surpreendente entender que o mundo da música está cada vez mais universal. Através do Spotify, conseguimos ver que já existem pessoas a ouvir a nossa música na Nova Zelândia e na Argentina e isso dá-nos muita força para continuar”.