A economia do Algarve, depois de ter atingido em 2009 e entre 2011 e 2013 o seu pico mais baixo, voltou a crescer desde 2014 acima da média nacional. Em 2017 cresceu 3,5% contra os 2,8% da média nacional. Já as previsões de 2018 apontam claramente para uma desaceleração no crescimento da economia, coincidindo com a tendência europeia.
Os dados desta análise económica do desenvolvimento da região foram apresentados pelo próprio presidente da Comissão Executiva do NOVO BANCO, António Ramalho, que reuniu, na véspera da realização do Summit do Algarve, com os responsáveis editoriais de três media de referência do Algarve, entre os quais o jornal POSTAL do ALGARVE.
Segundo os dados apresentados por António Ramalho, CEO do Novo Banco, “além de Lisboa (131%), o Algarve foi a única região do país com um PIB superior ao PIB nacional, neste caso 108% do PIB português, em 2017”.
Já em termos de peso absoluto para a economia, o Algarve é a região continental com menos, abaixo dos 5%.
No entanto, o contributo do Algarve para o turismo nacional é de quase 50%, num sector que representa 16,5 mil milhões de euros e 5,5% do PIB nacional
Ainda segundo António Ramalho, “o presente ano de 2019 continuará a ser um ano de crescimento, mas espera-se algum abrandamento, seguindo uma tendência europeia”.
Queda constante da população ativa é motivo de preocupação
Apesar do Algarve verificar uma tendência de descida do desemprego, com uma descida mais acentuada do que a média nacional. Fixou-se nos 6,4%, abaixo dos 7% nacionais, “entre 2011 e 2017 houve uma queda constante da população ativa no Algarve, o que terá um efeito adverso se nada for feito”.
“A escassez da mão de obra apresenta-se como um dos principais problemas enfrentados pela economia do Algarve. O ganho médio mensal no total da economia algarvia diminuiu, entre 2007 e 2017, em percentagem da média nacional, atingindo 85% do total nacional em 2017”, refere a análise apresentada aos jornalistas.
O emprego no Algarve continua fortemente concentrado nos serviços, 83% do total, muito pelo peso do turismo, bem acima dos 69% em Portugal. Já a “agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” é o setor de atividade que representa apenas 5% na região, sendo os restantes 12% referentes à indústria, construção, energia e água.
Em 2017, a população da região do Algarve era de 439 mil, dos quais 15,7% (69 mil) era população estrangeira residente: 40 mil da União Europeia (UE) e 29 mil extra UE.
Turismo deve crescer mas ser complementado
Segundo António Ramalho “há espaço para o turismo crescer. Mas há setores que não estão onde deviam estar e têm potencial para servir essas indústrias. Não por oposição, mas como complemento”.
“O turismo do Algarve tem um peso decisivo na economia portuguesa. A Algarve representa perto de 50% do VAB gerado pelo turismo na economia portuguesa. Os proveitos do turismo continuam em crescimento, mas em desaceleração. O Algarve está com menor crescimento do rendimento por quarto e continua com maior sazonalidade na ocupação”, refere a apresentação do Novo Banco com base no INE e NB Research Económico.
Em 2018, o rendimento por quarto disponível, tendo em conta o índice de cem euros em 2013, foi de 78,3 euros para Lisboa e 54,2 euros para o Algarve – em Andaluzia foi de 55,8 euros. Já a média em Portugal foi de 52,5 euros, rendimento mais baixo do que os 59,4 euros em Espanha.
Sobre a autonomia financeira das empresas da região do Algarve, apesar de ser inferior à média nacional, tem melhorado nos últimos anos. Já o crescimento no número de empresas e a capacidade de emprego no Algarve têm sido superiores à média nacional.
Para o CEO do Novo Banco, o défice da balança comercial “sugere a necessidade de maior diversificação setorial. O Algarve melhorou nas exportações em 2018, mas continua com uma grande dependência das importações” – 334 milhões de euros em importações contra os 202 milhões de euros em exportações.
“Sem uma balança de pagamentos equilibrada, o crescimento sustentável fica em causa”, lembrou António Ramalho, algo que na região ainda não acontece.