A Universidade Nova vai criar um campus com as universidades do Algarve e de Évora, o Campus Sul. O consórcio vai nascer em setembro, segundo avançou o reitor da Universidade Nova de Lisboa, João Sàágua, numa entrevista ao Diário de Notícias.
“É a primeira vez neste país que se vai fazer um consórcio – já está feito do ponto de vista jurídico, mas ainda não foi lançado do ponto de vista da atividade concreta – entre três universidades, a Universidade do Algarve, a Universidade de Évora e a Universidade Nova, que vai ter como objetivo fundamental a coesão territorial e a produção de conhecimento e inovação para o desenvolvimento sustentável do Sul”, refere o reitor da Universidade Nova de Lisboa salientando ser uma questão muito importante para ele.
Para o reitor, esse consórcio vai trazer três coisas diferentes: diz, “Vai trazer uma nova oferta letiva – estamos a pensar criar licenciaturas em que os estudantes estarão um ano no Algarve, um ano em Évora e um ano em Lisboa, nas nossas residências; e todos temos residências para esta situação. Novas licenciaturas e novos mestrados, vai ter aquilo a que se chama novas formações conferentes de grau. Mas também vai trazer novas atividades de capacitação da própria administração municipal, ou da administração regional, ou da administração pública a sul, e de diversas outras instituições que exercem atividade a sul”.
E justifica: “É uma forma de formação ao longo da vida e capacitação. E vai trazer centros de investigação aplicada sustentável – é a nossa capacidade de termos agendas colaborativas em áreas definidas pelo sul, como a água, a agricultura, o próprio mar… E ter agendas colaborativas com os principais parceiros na área económica e na área da coesão regional com as três universidades, em que cada uma vai buscar o melhor que tem do seu conhecimento para apoiar o desenvolvimento do sul”.
Além disso, a Universidade Nova de Lisboa vai passar a apoiar alunos com dificuldades financeiras, através do Fundo de Ação Social, cujo objetivo é reforçá-lo em um milhão de euros, diz o reitor da instituição.
“As propinas têm vindo a ser reduzidas 200 euros por ano, quando elas não eram reduzidas eram mil euros, passaram para 800, e agora para 600. Para as pessoas da classe média ou da classe alta, isto não tem qualquer impacto. As pessoas que verdadeiramente precisam, as famílias que menos podem e que menos têm, não ganham nada com isto”, lamenta João Sàágua.
O Fundo de Ação Social foi reforçado em 200 mil euros, mas a Nova quer “chegar rapidamente a um milhão de euros”. O objetivo é impedir desistências de alunos por falta de condições financeiras, uma vez que as bolsas atribuídas pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) são insuficientes, diz João Sàágua. “Queremos ir mais longe. Queremos criar bolsas que compensem, por exemplo, ao nível dos mestrados“, nota o reitor, salientando ainda que “a redução das propinas” não resolve o problema destes alunos.
“Vamos fazer um grande investimento em residências e, com as que já temos, basta simplesmente reservar um conjunto de camas suficiente para garantir que esses estudantes ficam. Portanto, esse estudante pode ter simultaneamente uma bolsa dos Serviços de Ação Social, um apoio nosso para as propinas e a estada numa residência gratuita. São estes os aspetos que vamos pôr em prática já a partir de setembro para garantir que, se a crise vier da maneira que todos nós desejamos que não venha, ou venha como vier, os estudantes que tenham vontade e talento para estudar não fiquem de fora da universidade”, explicar o reitor da Universidade Nova de Lisboa.