A circulação de pessoas e bens como base da Economia
A circulação de pessoas e bens tem sido a base da criação de um mercado único e concorrencial na qual se procura o aumento de mercados por blocos ao nível mundial, tendencialmente em crescimento. A existência de um vírus que gera uma pandemia ao nível global é agora uma ameaça brutal e ninguém está preparado para tal.
As economias serão altamente atingidas com a expansão de uma doença fortemente contagiosa, criando uma suspensão de viagens turísticas e de negócios, entre outras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que o risco global é “alto”. Nomeado oficialmente de 2019-nCoV, o novo coronavírus causa uma infeção respiratória aguda, sendo de grande contágio.
O cerco de cidades inteiras em quarenta e a ponderação quase sem nexo de encerramento de fronteiras europeias é um sinal de pânico geral que revela onde poderemos chegar face às dificuldades em saber lidar com a situação.
As estações de comboios, assim como os transportes fluviais e aéreos são aqueles que mais facilmente se poderão controlar pelas suas interfaces. Já no que diz respeito aos transportes rodoviários será de muito maior dificuldade, embora possível, como se pode observar pela cidade de Wuhan.
As cidades e as emergências médicas
Nos países mais atingidos, as decisões dos governantes vão no sentido de isolar os espaços públicos, fechar escolas e suspender os eventos de impacte relevante, nomeadamente internacionais, como seja os desfiles de moda em Itália, por exemplo. Será sempre um congelamento na vida das pessoas, como se estivessem em prisão domiciliária, como já alguém se referiu.
Nas nossas cidades, não se encontram os meios hospitalares adequados, logo desde o início, nem para a vivência normal, como é na região do Algarve. Outra questão é se existirão formas de controlar as entradas nos aeroportos, com medição de temperaturas ou outras, ou até por meio fluvial. Não parece existir uma reação rápida, embora possa estar previsto nos órgãos governamentais.
Face à existência iminente de uma retração económica, decorrente de um refreamento dos fluxos turísticos, numa região tão dependente como o Algarve, deste sector, quais as reações que os administradores públicos das cidades podem fazer? Higienização forte, divulgação de medidas a ter em conta nas empresas, e nos serviços públicos, colocação de recursos como “pontos” para lavagem de mãos, em equipamentos públicos, e por último uma coordenação entre os meios de segurança e saúde, ou seja, pugnar para que haja infraestruturas preparadas com tempo para aquilo que é certo que vem.
É preciso ação concertada, mas rápida e eficaz, no controlo e não apenas confiar na sorte.
As ações de planeamento não são apenas de urbanismo, mas também de emergência, com planos de contingência que deverão ser pensados e revistos nestes momentos. É bastante óbvio, que essa deverá ser uma prioridade para os governantes, a prevenção, e o estudo do problema aplicado à sua região, em nome da defesa dos interesses da população.
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de março)