A associação algarvia, que representa vários setores económicos do distrito de Faro, tomou esta posição na sequência de uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) desfavorável a um projeto agrícola de produção de abacates com 128 hectares, em Lagos, emitida pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.
“O abacateiro não é cultura intensiva”, considerou em comunicado a Algfuturo, que congrega cerca de 30 associações, nomeadamente, do setor agrícola, criticando “duramente os que, sem fundamento, tratam a agricultura como ‘bode expiatório’ e o abacate como ‘criminoso’”.
A associação liderada por José Vitorino, antigo presidente da Câmara de Faro, referia-se ao ‘chumbo’ daquele projeto de produção de abacates em Lagos, que a CCDR/Algarve justificou com o impacto nos recursos hídricos subterrâneos ou os efeitos cumulativos com outras ocupações na área envolvente, nomeadamente, o golfe e explorações de citrinos.
“A AlgFuturo é absolutamente intransigente na salvaguarda das boas práticas agrícolas, o que significa a defesa e promoção das condições de sustentabilidade das produções”, considerou a associação algarvia, frisando a “particular exigência” que tem com os seus associados quanto às “garantias de proteção dos recursos, nomeadamente hídricos, e de cumprimento das normas em vigor”.
A decisão da CCDR – que exigiu também ao promotor do projeto a reconstituição da ribeira de Espiche, destruída durante os trabalhos de implementação da exploração -, levou a Algfuturo a “também denunciar o facto de ser fundamental que exista igualdade de tratamento e a mesma exigência para todos os setores de atividade, em vez de, perante a eventual insuficiência de água, a agricultura ser o bode expiatório a abater”.
“Somos inflexíveis na contestação e denúncia de campanhas sem fundamento que estão a ser feitas contra o abacateiro, considerando-o uma cultura indesejável, quando todos os estudos demonstram as suas enormes virtudes, em que, inclusivamente, o consumo de água não tem os impactos negativos que lhe apontam”, defendeu a Algfuturo.
A mesma fonte classificou as plantações de abacates, que nos últimos anos têm vindo a registar um aumento na região, como “uma mais-valia para o Algarve e para o país” pelo “seu alto valor acrescentado”, por “contribuir para o aumento das exportações”.
O abacateiro requer ainda “poucos tratamentos fitossanitários”, é “perfeitamente compatível com as regras de sustentabilidade ambiental”.
Por outro lado, “consome menos água que outras [culturas] do mesmo tipo”, argumentou ainda a associação.
A Algfuturo defendeu esta terça-feira que se devem cumprir “os limites estabelecidos nos instrumentos de ordenamento territorial”, mas reiterou a necessidade de a cultura do abacate não ser responsabilizada pela falta de água no Algarve, que tem origem num clima cada vez mais seco e numa escassa precipitação.
“Isso não é verdade e importa que as entidades que agora se manifestaram preocupadas com as poupanças necessárias de água e com a adoção das técnicas de gestão de água mais avançadas do mundo também se preocupem com igual urgência em reforçar as fontes de origem de água no Algarve”, referiu a associação algarvia.
Entre essas fontes está a captação de água do Guadiana a partir do Pomarão, no concelho de Mértola, distrito de Beja, para a barragem de Odeleite, no município de Castro Marim, distrito de Faro, que foi incluída pelo Governo nas obras a realizar no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas já tinha sido “idealizada por José Vitorino há 40 anos”, destacou a Algfuturo.