Pensar o Algarve Imaterial tem sido um dos propósitos desta Direção Regional de Cultura do Algarve. Neste desígnio, a que se propôs, deu início ao Ano Europeu do Património Cultural tendo organizado em Janeiro, do corrente ano, um curso dedicado ao Património Cultural Imaterial, que reuniu inúmeros interessados, das mais variadas origens, nesta temática. A promoção do conhecimento, a valorização e salvaguarda deste património junto daqueles que ali se reuniram no sentido de que em conjunto sejam também eles promotores junto de outros para que esta temática adquira novas dinâmicas, foi um dos motes desta formação que, no entendimento de todos os participantes, foi atingido.
A inventariação das manifestações culturais do Algarve é uma das formas de dar a conhecer a riqueza cultural de que esta região é detentora, factor relevante não só para a salvaguarda das mesmas mas também como valorização da região como pólo de atração de visitantes interessados pela cultura local.
Desta forma, vale a pena relembrar o que nos diz a Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial (2003), no seu Artigo 2º, onde refere que se entende por «“património cultural imaterial” as práticas, representações, expressões, conhecimentos e competências – bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados – que as comunidades, grupos e, eventualmente, indivíduos reconhecem como fazendo parte do seu património cultural. Este património cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio envolvente, da sua interacção com a natureza e da sua história, e confere-lhes um sentido de identidade e de continuidade, contribuindo assim para promover o respeito da diversidade cultural e a criatividade humana.» […] Sendo consignado no ponto 3, do referido Artigo 2º. que se entende por salvaguarda «“as medidas que visam assegurar a viabilidade do património cultural imaterial, incluindo a identificação, documentação, investigação, preservação, protecção, promoção, valorização, transmissão – essencialmente pela educação formal e não formal – e revitalização dos diversos aspectos deste património.»
No caminho da salvaguarda vários são os passos do percurso. Desta forma congratulamo-nos e apoiamos o trabalho que a Rede de Museus do Algarve, através do seu Grupo de Trabalho especializado dedicado ao Património Cultural Imaterial (RMA-PCI), tem vindo a desenvolver na construção de uma plataforma Web, que denominou de AlgarveImaterial, que visa dar a conhecer um conjunto de saberes e práticas que constituem um fator essencial para a preservação e salvaguarda da identidade e memória coletiva do Algarve.
No dia 2 de março esta plataforma tornou-se pública cumprindo com uma ambição da equipa a que a Direção Regional de Cultura do Algarve se associa e integra.
A construção de um mapeamento, visível nesta plataforma AlgarveImaterial, vem ao encontro de um outro projeto a ser desenvolvido posteriormente, a elaboração de um Atlas do PCI regional que para além de bens imóveis e móveis possa também agregar os património cultural imaterial do Algarve.
A responsabilidade é a partir de agora maior, mas também a visibilidade que se está a construir para os diversos elementos patrimoniais que compõem a identidade cultural do Algarve. Abrace este desígnio e visite a página web www.algarveimaterial.wordpress.com.
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de Março)